Miseráveis Humanos

Nestes momentos não são poucas

São dezenas, são milhares, são milhões

Famintos esperam pelo prato

Sedentos esperam pelo copo

E assim vão vivendo

Vão sofrendo pobres coitados,

Vão de reto ao relento

E passa frio também

Quantos são aqueles que abandonaram

Mas que também foram abandonados...

E quando vem a chuva de verão

Que levam suas tábuas, as quais chamam de casa.

Levam também suas roupas

Seus alimentos (Se ainda tiverem algum)

Levam seu pouco, que para eles muito é.

Podem ver indo embora seu passado, seu presente

Mas seu futuro não...

Até por que a maioria não acredita que existe um

Um dia após o outro...

Isso é tudo que acreditam existir

E se a chuva passa

Levantam, recolhem o que sobrou se sobrou

E vão embora...

Mas embora pra onde?

Pra lugar nenhum, ou pro mais distante de onde estavam

Talvez para esquecer o que aconteceu ali

E estarem prontos para o "algo de ruim" de outro lugar

Enfrentarem novos olhares de novas pessoas

Olhares de desprezo

Olhares de medo...

Enquanto isso, não muito distante dali

Estamos todos, ignorando a existência daqueles

Ignorando o descaso e a desigualdade

Seguimos a nossa "vidinha", é mais cômodo

É também mais fácil

Temos comida pra comer

Temos bebida pra beber

Roupa que nos aquece

Indiferença com o próximo

Indiferença, Indiferença

Estamos tão sossegados

Temos conforto de um lar

Nossa casa está quente

Ou até mesmo fria (se quisermos)

Somos tranquilos, tranquilos...

Chamamos o mendigo de miserável

Nosso olhar para com eles é sempre de cima para baixo

Acreditamos que eles estão ali por que querem

E muitos parecem não reconhecê-los como humanos

Acham indignos estarem na mesma "espécie"

Eles não tomam banho

Eles não escovam os dentes

Eles não foram à escola

Eles não trabalham

Eles não são ninguém

Nós fizemos tudo isso

Nós somos alguém

Nós temos sonhos

Nós temos um amanhã

Nós temos VIDA.

No entanto, somos incessíveis

Somos palpiteiros

Somos indiferentes

Somos a pior espécie

Somos Miseráveis Humanos,

Que mesmo tendo de tudo, nada oferecemos a não ser o desprezo...

Claudemir Evangelista
Enviado por Claudemir Evangelista em 27/11/2017
Código do texto: T6183269
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.