SEM NOME

O silêncio agora tem medo de mim. Foge... Olha pra mim, cheio de certezas, tenta falar, mas não consegue dizer nada...

Um dia corro ao mundo e te busco pela voz numa rua qualquer dessas que nem sei o nome... Hoje nada que o sonho construiu pra mim serve! Falta silêncio... Não tenho em mim sequer um verso que isso exprima... Todos que pensei correram de mim pra longe...

Deve haver um destino maior que eu, porque esse que me cerca é tão abstrato que não cabe gente, nem coisas, nem seres, nem nada...

Não há nada disso tudo em mim, e isso tudo em mim não esvazia em nada.

Parecem sensações minhas, lá fora... Para além de mim. Como se surgissem ao longe... Como se amanhecem sensação e anoitecessem acontecimento.

Alegro-me por acreditar em mim pensando tudo isso. Agora mesmo passo e sigo nessa rua, que nem sei o nome, e sorrio, sem saber por quê, enquanto olho pra onde não consigo ver e imagino acontecimentos... Como no silêncio..,

O silêncio continua a temer... Fala-se tudo por aqui, mas entardeceu e meu coração são reticências...