F.B.V.

Acendo um cigarro viro-me de costas e sinto o vento, vou em direção a cadeira no canto da sacada, fito com precisão a vista à minha frente, casas amontoadas sobre casas, favela.

Levo um gole da cerveja ainda fresca mas não gelada na minha boca, sinto o borbulhar e o amargo agradável na minha língua.

Fito o céu cheio e vazio, interajo comigo mesmo por estar sozinho, não sinto solidão por me completar.

Sinto além das borbulhas e da fumaça em minha boca a satisfação,  eu sinto o vento fresco bater em meu rosto, sinto uma camada de satisfação por o verão ser tão vulgar e elegante.

Sinto-me um pouco alto depois de três latas de cerveja, estou bem. Embora a ambição por coisas materiais dessa vida me vir a cabeça, o desgaste para conquistá-las me desanima, parece com se matar, parece com se auto repreender, apenas acho assim, isso talvez seja un desejo prazeroso para alguém.

Estive pairando no ar e no tempo, por não saber que caminho seguir, mas vi meu extintos adoecerem e uma tristeza tomar conta do meu coração, me aliviei vendo que a vida é um ponto de vista, e que vista! A favela para muitos pode não ter beleza, mas é estar de longe e avistar suas ruas estreitas, e achar graça por pensar que talvez haja alguém que esteja olhando a rua estreita onde eu esteja, daí eu percebi que talvez eu seja uma bifurcação nesse mundo, que eu apenas preciso me sentir bem, para que as pessoas e até eu mesmo possa caminhar leve e calmo pelas as bifurcações.

Meu cigarro se apaga, dou meu último gole, levanto-me da cadeira, dou mais uma olhada na favela, e com satisfação entro dentro de casa, apago a luz de fora, entro no meu quarto, deito minha cabeça sobre o travesseiro, e meu último pensamento é, "É a vida é mesmo tudo isso".

Simplício
Enviado por Simplício em 19/03/2018
Código do texto: T6284641
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