Meu "Amor"

É engraçado como as coisas mudam, amor...

"Amor"... Que estranho te chamar de amor, tanto que nem parece natural como um dia foi. Quanto tempo faz? Eu nem me lembro mais e... É essa dormência eterna que me mantém presa em sentimentos estranhos, anormais. Sim, porque não fazem mais parte de mim, mas também não vão embora e nem me deixam ir.

Não se engane, isso não é uma declaração de amor, tampouco um delírio de paixão ou mesmo um choro de saudade. Pois é, na verdade, acho que mais se parece a um desabafo cansado e confuso de um corpo cujo hospedeiro se recusa sair.

Mesmo não sendo oca agora como quando você me deixou, ainda que eu tenha me preenchido com experiências, viagens, pessoas, momentos e memórias, você permaneceu aqui. Está entre as datas que não esqueço, escorregando por objetos que sei que são meus, porém tenho a lembrança de que nem sempre foram... Você se encontra aí: esquecido, descontente e emburrado, exatamente como eu me lembro. Mas dessa vez não havia aquela admiração contínua que me deixava louca pelo seu comportamento imaturo, apaixonada e caída pelas suas crises de pré-adolescente na casa dos 20.

Para ser sincera, surpreendeu-me ao ver uma foto sua e não encontrar beleza ou atração ou traço qualquer daquilo que um dia fez meu coração acelerar. Que bom, não? Pois é. O problema está em mim, porque ainda assim, te sigo, te procuro, observo atentamente por entre as frestas que deixou abertas. Não me importo que saibas, porque sabes... Só que penso ser importante dizer que, não é amor que me move, mas, sim, a doce e cruel vaidade.

Anima-me saber que continuas aí.

Alegra-me o coração constatar que, para ti, nada mudou.

Enche-me de um tesão absoluto te ver plantado feito árvore no limbo de suas próprias más decisões, vivendo o mínimo da vida.

Da mesma forma que você me deixou, amor.

"Amor"... Que estranho esse tal de amor.

Ladra de Tinta Seca
Enviado por Ladra de Tinta Seca em 03/04/2018
Reeditado em 03/04/2018
Código do texto: T6298104
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