Versões
 
Poetas, compositores ou pretensos, autoproclamdos portavozes, tentam e frequentemente conseguem tornar suas, vozes e sentimentos de outros, inspirados que são pela capacidade de se apropriarem transitoriamente de algumas supostas verdades alheias segundo o seu entendimento. Haverão de ser tão livres em suas versões, quanto suas emoções exigirem, tomando por empréstimo modelos indeléveis, - por vezes inconsciente - que pairam no ar de suas fantasias, não necessariamente suas, mas de propriedade indeterminada, captadas à revelia  de percepções. Tornam-se espelhos nos quais alguns leitores se enxergam; se identificam ou não; ou ainda, exercício de arte em cuja busca por sentimentos, por ele considerados universais expõe, sem ou com regras, desde que essas não parametrizem seu processo criativo a ponto de desfigura-lo, bem como não deverá subordinar-se a tutelas pelos efeitos que vierem a causar, por meras suposições interpretativas.