Quando O Tempo Para, Para Mim.

Quando o tempo para, para mim, ele continua andado para os outros, e eu me encontro na minha sacada, um xícara na mão, um cigarro na outra, depois de um dia cansado. É assim que o tempo para mim.

Ao som de David Bowie o tempo para, para mim, estrelas me buscam e me levam ao passado, me levam ao futuro e me buscam para o presente. Sinto a fumaça do cigarro destruir meus pulmões e aliviar minha alma, sinto o gosto da gengibre no chá deitar-se sobre minha língua, sinto meu corpo aquecer-se lentamente, sinto a água morna com sabor descer pela minha garganta.

Mais um gole e mais um gole, é assim todos os dias, tomamos um gole da vida, sentimos adrenalinas, calmarias, às vezes apenas sentimos, e isso é mágico, sentir o som dentro do seu corpo, bater a porta do coração e despertar sentimentos.

Meu corpo metade fora, metade dentro, debruçado sobre a janela, meus olhos veem os ónibus passar, as luzes da cidade fortes ilumina as ruas perigosas, e não há ninguém nas ruas pois é noite fria, e nós sentimos, sentimos que temos pouco tempo, e com esse pouco tempo podemos perdoar, amar e, nos entregar a essa vida de braços largos.

A vida de braços largos que apertam seu prisioneiro, e que quando os deixam partir declara o fim, e um começo em outros braços que não a vida.

E é assim que vejo a vida parar, para mim, me levando e me trazendo.

Simplício
Enviado por Simplício em 16/04/2018
Reeditado em 16/04/2018
Código do texto: T6310667
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.