Quando O Tempo Para, Para Mim.
Quando o tempo para, para mim, ele continua andado para os outros, e eu me encontro na minha sacada, um xícara na mão, um cigarro na outra, depois de um dia cansado. É assim que o tempo para mim.
Ao som de David Bowie o tempo para, para mim, estrelas me buscam e me levam ao passado, me levam ao futuro e me buscam para o presente. Sinto a fumaça do cigarro destruir meus pulmões e aliviar minha alma, sinto o gosto da gengibre no chá deitar-se sobre minha língua, sinto meu corpo aquecer-se lentamente, sinto a água morna com sabor descer pela minha garganta.
Mais um gole e mais um gole, é assim todos os dias, tomamos um gole da vida, sentimos adrenalinas, calmarias, às vezes apenas sentimos, e isso é mágico, sentir o som dentro do seu corpo, bater a porta do coração e despertar sentimentos.
Meu corpo metade fora, metade dentro, debruçado sobre a janela, meus olhos veem os ónibus passar, as luzes da cidade fortes ilumina as ruas perigosas, e não há ninguém nas ruas pois é noite fria, e nós sentimos, sentimos que temos pouco tempo, e com esse pouco tempo podemos perdoar, amar e, nos entregar a essa vida de braços largos.
A vida de braços largos que apertam seu prisioneiro, e que quando os deixam partir declara o fim, e um começo em outros braços que não a vida.
E é assim que vejo a vida parar, para mim, me levando e me trazendo.