ESTRANHO

Em outro tempo, teria te entregado tudo. Teria me perdido em meio as nossas conversas e me encontrado na tua presença. Mas na vida tudo se consome a cada novo instante, a cada nova saída e adeus. Eu não quero que seja o tudo que eu procuro e muito menos a chegada da nova era que eu sempre esperei. Você pode ir e levar o que quiser do que eu fui. Eu sou um pouco de tudo, inclusive de ti, que sempre fez questão de ser modesto quando eu te elogiava. O que adiantou? Eu ainda continuei lá, não precisa fingir, nem se limitar... Eu te peço que parta, afinal já desfez meu coração. Não te entendo. Não te quero por perto. Pode ir! Pode me deixar pairar nesse ar pesado. Me tornei um estranho para mim mesmo, e a culpa também é sua.

Domero
Enviado por Domero em 20/09/2018
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