Regresso

Certo dia Aina o asno, pensou que podia voltar no tempo.

Enrolou-se nas cobertas e voltou a infância, brincou, foi acalentado pela irmã após ralar o joelho, tomou sorvete, sorriu, viu o pôr do sol, tantas cores, regrediu ainda mais, de repente estava no colo do pai, sentiu seus braços fortes o protegendo, enquanto sua voz grave o isolava de todo possível terror do escuro, regrediu, regrediu, regrediu...sentia seu corpo tornando-se minúsculo, tão miúdo, até que voltou ao útero de sua mãe, ficou ali por tempo indeterminado, escutando as batidas de ambos corações.

tum, TUM, tum, TUM, tum, TUM (pensou: salve as coisas grandes e pequeninas, salve minha miudeza e a grandeza de minha mãe que me gerou)

Ficou...

ficou...

e ficou até que dormiu um sono tranquilo, como a muito tempo não tinha feito.

Finalmente havia regredido a um dia perfeito.