A arte de interpretar a vida

A arte de interpretar a vida

Por P. Jorge Ribeiro

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jorgeribeiroribeiro@gmail.com

A vida é um fluxo contínuo, um movimento que não se sabe onde e quando se deságua. A vida é também uma arte, quem sabe lidar com seus meandros pode se beneficiar mais de suas dádivas. A outros a vida aparece como um peso a se arrastar ou ainda como um enigma a se decifrar. Que a vida seja descontínua e ambivalente, quem busca levar a sério a própria existência e refletir sobre sua estadia no mundo logo toma consciência. Mas a vida também reflete toda fluidez, transitoriedade e incertezas de tudo que aparece no mundo e assim, muitas vezes, a vida encarna o desespero e o medo de quem quer garantias e estabilidade. A vida é o que existe, mas o que nunca faz falta se não mais existe. Como interpretar a vida? Basta usar de instrumentos hermenêuticos e de sentenças de sabedoria para poder se apropriar de suas dimensões? A vida escapa a todo esquema, ela não se deixa aprisionar ou monopolizar pelas estruturas que porventura se pode construir. Ela escorre perante todos os aprisionamentos que se possa engendrar. A vida é exuberância e reticência. Qual a melhor maneira de se apropriar ou de se aproximar da vida sem ser domado ou aplastado pelas circunstâncias? Não basta fazer uma dissecação dos seus traços e estruturas, a exegese da vida não abarca tudo o que ela pode ou não oferecer. Muitos querem transformar a vida num simples objeto de estudo ou de transformação, mas ela continua aflorando onde menos se imagina e continua surpreendendo onde nem sequer cogitava possibilidades. E por que isso? Apenas insubordinação da natureza? Inflexibilidade do espírito? Ou capricho dos deuses? Quaisquer que sejam as alternativas a vida continua sendo esse mistério a ser desvendado. Então a pergunta muda de rota: como viver a vida? Tem uma hermenêutica da vida? A vida é um dom e como tal deve ser apreciada. Não é um direito, nem um carma e nem um castigo, é um presente. E a arte de interpreta-la precisa se acostumar com essa vertente. Talvez a melhor arte seja deixar a vida ser, que ela aconteça e que possamos mergulhar no seu mais profundo abismo. Qualquer interpretação da vida vem já de outras interpretações e a vida é mais gostosa de se viver se nos deixamos maravilhar por tudo que ela apresenta e se surpreender com a sua espontaneidade. A vida é pra ser vivida!

Pejotaribeiro
Enviado por Pejotaribeiro em 01/10/2018
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