À Filosofia

Ninguém me verá diante de suas retinas;
De tímpanos felinos ou de línguas tão felinas.
Ninguém me terá ao alcance das mãos;
De abraços poderosos ou na mente de pagãos.

Não filosofe aquilo que há em mim e não entendo;
Não encaderne meus mistérios, pois a ti eu não os vendo.
Por que dizes conhecer o que não sei dimensionar?
Conceitue-me se acreditas, mas não vá se enganar.

Estendidas minhas mãos dormirás com um problema;
Pois não vou te permitir minha vida em teorema.
A mente é minha, a vida é minha e eu sou o “simples” eu.
Tão complexo e tão sem nexo em seu mundo fariseu.

Se mesmo assim me conceituas, não me cabe desavença;
Pois caminha com tuas pernas, na ilusão de tua crença.

Nem retinas, nem a língua, nem o tímpano felino,
Deixaram-me decifrar quem eu sou desde menino.
Nem madeixas, todas brancas, me permitem te ajudar,
Abra os olhos de teu crânio e ali “caçar-me-á”.