MORTE: Fim de ano

Neste fim de ano miserento

em que as misérias governantes escravizam

pessoas e animais e vegetais

e minerais, águas e gelos e terras

refugio-me na verdade de minhas

filha e esposa nascerem em fim de ano,

outros, mas felizes, apesar de tudo,

e fontes de amor, alegria e esperança.

Posso morrer feliz e sem anseios vácuos.

Fiz o que fiz em vida. Mais pude fazer

e também menos. Entre outras obras,

estes poemas e outros dez ou quinze

poemários e algum livro de contos

e ainda uns de ensaios alinhavados

sem sentido e devotados à mátria Galiza.