BLOCOS DE CARNAVAL "CULT-BACANINHAS"

Bloco de carnaval "cult-bacaninha" é algo muito estranho. É só algo meio desencaixado mesmo. Eu vim de uma realidade para a qual aquilo soa muito, mas muito estranho. Sabe quando a cultura é congelada e decupada num determinado ponto específico, porque reconhecida, naquela limitação, como algo positivo? e, além disso, esse reconhecimento vem de fora? A fabricação do popular pela academia, a insígnia, a autenticação. A aparente casualidade, brincadeira, "espontaneidade", que na real é uma vigília constante. Não me ponho fora desse bolo tampouco acho que nada deva ser restringido apenas porque reconhecido por mim como estranho. Chovem olhares das pessoas com o mesmo estranhamento, aquelas que estão olhando de fora do bloco veem um monte de brancos vestidos como num filme de época, uma época inventada na cabeça de todos ou de cada um. Eu me sinto bem brincando o carnaval ali, mas deslocado ao mesmo tempo, como se eu tivesse olhando a mim mesmo de fora do bloco. Isso tudo me lembra Maragogipe, vendida (no mercado simbólico cultural "cult-bacânico") como o carnaval de máscaras. Vivi pra ver um carnaval todo comum, com bandas de pagode tocando e hits, sendo invadido por fotógrafos e outras pessoas de camisa florida, para, no único dia em que algumas pessoas saem fantasiadas, atirarem flashes muito específicos e retroalimentarem a narrativa que os trouxe ali. Esse exército catou seus protetores solares e óculos escuros e foi embora, talvez no mesmo dia. A melhor experiência lá foi com o "bloco das almas", num determinado dia guris saem a meia noite do cemitério vestidos de fantasmas etc. e assombram as ruas daquela cidade pequena do recôncavo.