Um amanhã sem risos

Na janela do quarto escuro se vislumbra o negrume do céu amanhecido. Em pleno verão, uma massa cinzenta reflete o desespero que poucos percebem ter,mesmo estando vivo em seus subconscientes. Ainda que nada possa salvar o que já

foi perdido ou sequer obtido, a vontade de corrigir as falhas de um ontem cheio de marcas profundas nos leva à expectativa e o nervosismo de um amanhã sem risos.

Assim, sonho com a vida dos antepassados, que outrora eram cercados por um mundo ainda na primavera de sua juventude. Mas assim como diz o ditado, nada dura para sempre. Hoje vejo um mundo já em seus dias de quase expiração, com os segundos passando lentamente para os que já pressentem o pior, e quase imperceptíveis para os ingênuos que desconhecem a cruel verdade que espreita. Sonho com a vida onde não havia crateras se abrindo repentinamente no chão, e sim flores desabrochando com o passar das estações. Sonhar com um lugar tranquilo, distante e iluminado todos os dias pelo sol, onde o único ruído seja o dos pássaros cantando ao invés de pessoas chorando,não parece ser pedir muito. Mas sinto pena de mim e de todos os outros,que por essas e outras, devem continuar apenas sonhando,para não abrir os olhos e acordar no inferno,

que há tempos nos acolhe.