Meu Universo Paralelo

Eu tinha um universo paralelo feito só pra mim. E era lá que eu me perdia e me encontrava.

Passava dias e noites a flutuar sob meu céu de sonho e fantasia. De fato, esse mundo me fazia bem. Mas, como toda a fantasia, acabava-se de repente. E quando eu, depois de gozar do mais puro mel desse universo surreal, via-me novamente, com as pernas frouxas, os olhos molhados e a alma perdida frente a frente com um mundo sem graça, sem cores, sem vida e sem poesia. Se pudesse, teria ficado todo o tempo no mundo que eu criei para não ter que enfrentar o mundo sombrio e cruel, mas que eu querendo ou não, era o mundo real.

Passei anos revezando: ora refugiava-me desesperadamente procurando um grão de paz para tamanha dor existente em meu coração, ora me obrigava a enfrentar essas lástimas por mais insuportáveis que elas fossem. Na maioria das vezes, deixava-me levar pela fraqueza e saia aos prantos para a outra dimensão e fechava a porta para tudo que fosse concreto.

Até que um dia (o mais escuro dia de minha vida), após a milésima apunhalada em minhas costas, fui procurar abrigo no abstrato mundo que eu criei. Mas para minha surpresa, alguém havia fechado as portas que davam passagem para o mundo de lá. Só eu sei como foi maçante não ter onde repousar minha alma. O que me deixava mais perdida era o fato de que eu teria que de uma vez por todas, encarar o mundo real, sem coletes salva-vidas e sem escudos: era eu e eu mesma contra o mundo.

Foram dias difíceis, confesso. Mas após anos de procura por um novo lugar para me fazer sentir viva novamente, acabei encontrando algo que me fez meu coração sorrir como nunca antes. Algo que me fez sentir tão viva que parecia um veneno mortal. Mas o melhor é saber que esta cura é real. Ah! Como gosto de toca-la, certificando-me de que é mesmo real. Passado o terremoto, vejo como foi bom terem me fechado às portas daquele mundo, pois graças a isso, pude encontrar-me de verdade. E hoje, tomada por tanto êxtase de paixão, digo com o coração transbordando de felicidade, que agora descobri um novo mundo, o mais glorioso, surpreendente, aconchegante e completo: o mundo do amor.

Cecília Richter
Enviado por Cecília Richter em 25/09/2007
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