As coisas boas da vida

Estava deitada em minha cama, há alguns minutos atrás, chorando. Eu chorava porque acabei de ter uma decepção amorosa que, apesar de não ser a primeira, está doendo bastante. Censurei-me por ser tão chorona e não conseguir apenas bloquear os sentimentos que não param de fazer barulho dentro de mim. Censurei, também, o fato de estar chorando por ter meu coração partido, mesmo sabendo que, com certeza, tem coisas muito mais importantes.

Durante o meio tempo de pausar o choro para poder respirar, pensei em escrever sobre as coisas boas da vida, não só pela escrita ser uma das minhas válvulas de escape, mas também porque minhas inspirações costumam aparecer em momentos esquisitos e, às vezes... inoportunos.

Questionei-me, então, sobre como eu me senti bem ao voltar do meu estágio ontem à noite. Como eu poderia estar feliz e cansada ao mesmo tempo? Feliz, pois meus alunos, os pequenos-grandes-gênios, fizeram a atividade que eu propus. Cansada, pois não foi nada fácil ficar o dia todo fora de casa aprendendo e ensinando, entrando e saindo do ônibus e com os pés inchados.

A vida é bastante engraçada e controversa, é bastante sádica e complexa, é também cheia de surpresas.

Acredito que as coisas boas da vida não estejam nas ações grandiosas e nem nos gestos mais lindos e públicos, mas sim nas pequenas coisas do secreto rodeadas por paixões, sejam elas seus animais, seus fetiches, seus clichês, seus amores, seus... gatos? As coisas boas da vida também estão rodeadas pelos segredos da convivência, nos quais deciframos uns aos outros e aprendemos a amar cada pontinho ruim e bom que encontramos. Estão cobertas de: manhãs cheias de abraços (ou não), cafés e chás quentes que aquecem a alma; por tardes divertidas, sonolentas e agitadas que nos ajudam a manter o ritmo da vida, mesmo quando tudo parece desmoronar. E pelas noites aconchegantes em nossas camas quando, envoltos nos cobertores ou nos braços de quem amamos, nos sentimos protegidos.

Lembrei-me de como é bom tirar os sapatos e as meias, e colocar os pés no chão ao chegar em casa. Assim como é tão bom estar do lado de fora do portão e ver que meus cachorros estão me esperando chegar, tão felizes e sorrindo com seus rabos que balançam, balançam e balançam ainda mais.

Pensei em tantas coisas — pequenas coisas que nos curam — que não pude evitar de pensar nos momentos em que compartilhei com quem eu amava. Todas as risadas, todas as brigas, todas as dificuldades e todas as diferenças. Tudo isso foi tão bonito e significativo, tão doloroso e repleto de aprendizado que me fez sentir um pouco mais humana.

Todos nós temos coisas boas e particulares, coisas que nos fazem ser como somos. Cada pedacinho de nós está ligado às coisas boas da vida, basta olhar com cuidado e com um pouquinho de amor.

Escritora de Bar
Enviado por Escritora de Bar em 29/06/2019
Reeditado em 01/09/2019
Código do texto: T6684599
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