Quando não sou ninguém

Estava falando de você pra você

Quando cantei na janela em tom de despedida

Você nunca entendeu minhas lamúrias

Me olhava com olhar de perdida

Com farelos de pão nos cotovelos

Bocejei muitas manhãs de domingo

Vendo sua calcinha socada

Fazendo o café ainda dormindo

Canto surdo e mudo eu vejo o dia a dia

Passando lento

Escondendo dos passos dos corredores

Que hoje não atendo

Me sento no leito afagado pela solidão

Contando os pregos do caibro

Me pergunto e me respondo

Por que te amo? Quem sabe estou louco

É... demasiado

Olhar furtivamente a fresta da porta

Ver os movimentos da sua boca vermelha

Dizendo no telefone vai saber o que.

Acho que ela tem outro

Ou eu que estou tão ninguem

Desanimado por amar

Não ela, mas outro alguém.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 22/07/2019
Código do texto: T6701827
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