Estante

Havia felicidade nos primeiros dias

Uma inquietação que deixava evidente

A falta de palavras e assuntos

Para preencher as horas infinitas.

Houveram momentos de sonho

Que nos faziam enxergar solidez

Na paixão que vivíamos sabendo

Ser tão perecível quanto uma flor.

Me dói saber que as flores murcham,

Mas me conforta saber que não são

As únicas no Jardim.

Me pergunto porque me iludo

Com algo tão passageiro quanto a paixão.

E o coração representa isso,

O ir e vir das coisas.

Tão passageiro quanto o sangue em minhas veias

Tão imprevisível como o amanhã há de ser.

As memórias não vividas serão sempre

Um lugar vazio naquela estante

E o tempo há de me fazer esquecer a razão.

Um dia olharei e talvez não me pergunte

O que poderia ter estado ali.

Um dia.

Encarando tantas prateleiras vazias

Não só desse que passou,

Pois tudo há de passar.

Joolies
Enviado por Joolies em 03/05/2020
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