EXISTIR... EM COMUNHÃO

"Tudo o que existe existe talvez porque outra coisa existe

Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo”

(Fernando Pessoa)

O aroma e a beleza de que s’esculpiu em sua forma

Nos contornos que a desenharam e na mística de seu perfume

Oh! Qual foi o notável artista qu'então a criou?

E... por que assim a fez?

Apenas por fazer? (ao qu'eu não creio)

E, portanto, eis a linda flor!

Ah! Sê-la-ia assaltada pela ideia de que existira somente para si?

Existir...

Aos pares

E sempre... aos pares

Todavia, que pena!

A que no tempo do exílio tantos s’encontram separados e alheios!

Como que almas qu'entre elas s'escondem, visto que não se amam

Mas, quem sabe, um dia, haverão de despertarem

E viverem d'outro modo (diferente do que são agora):

Na reciprocidade das vidas... qu’em verdade, são uma só unidade

E não viver, jamais, só... para si mesmas

Quantas vezes, a vida não sonhou com este instante!

Quantas vezes?

Ah! Desde o início dos tempos

Antes mesmo do que tudo foi criado

No místico pulsar que a todos chama

Na comunhão de vidas a se fazer... em tudo

Entre todos os pares que no tempo se unem (ou que deveriam se atar)

Quais vivos corações em uníssono a baterem

E assim, sem perceber, vede que se aproximam

E neste coexistir, oh! inegável permuta:

Das mãos que regam a linda e tão viva flor

A retribuir com sua beleza... os vivos olhos de quem a trata

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18 de Maio de 2020

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 18/05/2020
Reeditado em 18/05/2020
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