ENTRE SORRISOS E LÁGRIMAS

Não sei se a gente com o passar do tempo, vai se acostumando a perder pessoas... Seja para a morte, seja pela distância ou seja para outras pessoas mesmo. Acho que a forma como perdemos e só para posteriormente reconhecer o valor e as qualidades que tinham, é o que ainda mesmo depois de passado algum ou muito tempo, nos faz rir do que não achávamos graça e também nos arranca lágrimas por reconhecer isso talvez um pouco tarde.

Ando apagando muito lixo dos meus dispositivos e muitas memórias desnecessárias. Preciso abrir espaço, se desejo que algo de novo entre, pelo menos é o coerente a se fazer. Foi então onde me deparei com as conversas com falecido pai do meu filho. Ele tinha um humor negro que eu detestava. Sim, às vezes, me fazia rir uma vez e outra, mas não era algo pra se conviver diariamente. Pelo menos não naquela época... Hoje eu seria o Thanos e não os vingadores.

Relendo algumas coisas, pois as conversas eram muitas, como eu ri! Ria porque as piadas hoje na minha mente fazem sentido, talvez porque hoje eu esteja mais ácida e amarga também. Na verdade estou como ele em seus últimos anos de vida, sinto-me como uma granada sem pino, ou um campo minado. Pisou em falso, eu explodo tudo e até a mim mesma. Agora até lembrei que nunca gostei de filmes de gângster, mas amei uma série recentemente assistida chamada: "Peaky Blinders".

Já perdi muitos entes queridos: minha mãe, meu pai, meu irmão, o pai do meu filho, tirando parentes e amigos. E tirando também os que perdi em vida. Acho que sim, chega uma certa idade e a gente vai morrendo um pouco com eles, principalmente, quando nada do que nos trás vida, nasce no lugar. Não que substitua, mas que ao menos alente e nos acolha no calor de um abraço sem pressa. Uma conversa que seja um diálogo e não um monólogo. Coisas tão simples que fechariam buracos dessas malditas covas.

Ando perdendo pessoas e perdida venho andando. Já não sou mais forte como antes, não sei como irei me superar, pois eu mesma já não me basto.