Brincando com as palavras

A infância chegou à idade adulta.

A risada chorou de tanto rir.

O absurdo não escuta nada.

A psicologia foi ao psiquiatra tratar da cabeça.

O escuro breu da luminosidade.

O advérbio não quer mais acompanhar o verbo.

A fome, de tanto comer, teve indigestão.

Um palavrão é apenas uma palavra grande.

O eufemismo cansou de suavizar as coisas.

O doce sabor do sal.

De tanto agir, o verbo ficou sem ação.

A iminência é eminente.

A vida se fez de morta e enganou a morte.

A intensa claridade da escuridão.

A metáfora quer ser ela mesma.

O sol, com muito calor, tomou banho de chuva.

A verdade mentiu para a mentira.

O adjetivo ficou sem qualidade.

A morte sobreviveu à vida.

O sonho, sonhou que teve um pesadelo.

Após retificar o conserto, ratificou a validação.

A aliteração não quer mais ser repetitiva.

O pleonasmo vai acabar com a redundância.

Rodrigo Barcellos
Enviado por Rodrigo Barcellos em 17/09/2020
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