FARAÓS DE HOJE

FARAÓS DE HOJE

Pior que qualquer tipo de ativismo são os pseudos: pseudo socialista, pseudo nazista, pseudo liberal, pseudo conservador, pseudo democrata, etc.. Assim como existem os alfabetizados funcionais, os pseudos são quem se posiciona no discurso, mas no curso são políticos funcionais, que servem unicamente para serem comprados, pois não têm opiniões próprias e pouco se importam com as conseqüências de suas atitudes. Após eleitos seu único objetivo é enriquecer preservando seu mandato. E são caros, muito caros, mas estão a venda, de corpo e alma. Em nossa história presenciamos alianças estapafúrdias de socialistas com capitalistas, de milionários com alpinistas políticos, adversários nas eleições e companheiros solidários após eleitos. Presenciamos, em nosso país, uma promiscuidade imoral de interesses, ideologias, religiões, etc. E, impassíveis, aguardamos a próxima falcatrua que iremos assistir sem reação. É um contraste enorme entre a frenética atividade de nossos políticos para negociar cargos, lideranças, criar leis inúteis, administrar seus próprios salários e a nossa falta de reação a essas afrontas e total descaso pelo povo e pelo bem público. Acima dos diversos aspectos das várias ideologias, um é comum a todas: a inevitável criação de castas de seres especiais, que se distanciam mais e mais do povo que os escolheu. A História registra a passagem de grandes imperadores, donos da vida e da morte dos seus súditos, administrando tesouros incalculáveis e imensos territórios. Você estuda a vida desses tiranos e acredita que, graças a Deus, não existem as situações contadas nos livros. Ai é que o distinto se engana, como diria Vinicius de Moraes. As nossas vidas têm donos, que regulam o que ganhamos enquanto eles definem seus próprios ganhos, vendem caro sua assinatura em acordos e projetos, se deslocam a seu bel prazer em aviões, coisa que temos que economizar muito para visitar um parente distante, têm um séqüito de trinta ou mais assessores, ganhos para roupas, moradia, planos de saúde sem limite, verbas para diversas finalidades. E outras vantagens.

O Congresso (Câmara Federal e Senado) nos custa onze bilhões de reais por ano, o Supremo Tribunal custa um bilhão de reais por ano. São doze bilhões de reais para manter 605 funcionários, sendo 594 que o povo escolhe e onze vitalícios que o presidente escolhe. Isso, se computarmos só os que ficam em Brasília. Se não houvesse nenhuma corrupção, esse pessoal só para trabalhar custa 20 milhões anuais cada um, embora recebam de salários e benefícios “apenas” 1,7 milhões cada. Isso se o seu comportamento for exemplar, dentro de da ética, moral, honestidade, honradez. Mas quem ganha muito mais que o necessário, tem um significativo excedente de dinheiro que, no mundo capitalista, não pode ficar guardado em poupança rendendo uma miséria de juros. Trabalhando pouco e ganhando muito, se tornam investidores, empresários e, provavelmente, auferem grandes importâncias em favores, leis, etc.

O que é um milhão de reais? Se você teve ao longo de sua vida profissional um salário de dez mil reais por mês, em 35 anos teria recebido três milhões, com os descontos de lei, ou seja o custo de um deputado ou senador em um ano e oito meses. No mesmo período gastamos 714 (setecentos e quatorze milhões) de reais com cada uma dessas cadeiras. A mascara em ouro de Tutancâmon, com 110 de kilos de ouro, custaria 35 milhões de reais, sem contar o valor histórico. Cada senador ou deputado federal ou ministro do STF poderia confeccionar cerca de vinte máscaras com o mesmo peso em ouro do objeto mais icônico e valioso do antigo Egito, em sua carreira. Daí o nome desse texto. Pois essa casta e seus acólitos é a imagem de verdadeiros deuses colocados na Terra para definir qual o nosso destino. E, o que é pior, são apenas a parte emersa do grande iceberg que é a política brasileira, com cerca de 80.000 cargos elegíveis. Sem contar os sanguessugas periféricos que giram em torno de cada um.

Aguardemos, como sempre nós fazemos, para ver qual o próximo saque que irá sangrar nosso rico dinheirinho.

Paulo Miorim 26/12/2020

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 26/12/2020
Código do texto: T7144704
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