UMA SENSAÇÃO DE PÓS SEPULTAMENTO
UMA SENSAÇÃO DE PÓS SEPULTAMENTO
Ontem presenciamos uma trágica comédia brasileira chegar a um triste final. Será? Os meandros da justiça nacional são insondáveis e incertos, pois nunca se sabe quando uma sentença absolutória ou condenatória será definitiva e, muito menos, cumprida. Mas, estarrecidos, assistimos um verdadeiro conselho tribal reduzir a cinzas a maior iniciativa já feita para, ao mínimo, reparar a dignidade da classe política brasileira e mostrar à pátria que resta ao nosso país um resquício de honestidade. Por força de preciosismos de protocolos jurídicos, aos quais os caciques reunidos se agarraram fortemente, vimos triunfar vergonhosamente o que de mais baixo há no comportamento político: desviar montanhas de dinheiro público para outras finalidades que não visem benefícios ao povo que paga impostos. E, pior que tudo, ver em julgamento de suspeição um discurso claramente condenatório e talvez também suspeito por se mostrar fortemente parcial, inflamado, e feito com intenção de influenciar seus pares. Depois de um longo velório, em que cada um expressou suas considerações a respeito de um candidato a cadáver, o voto de um ser mutante, em obediência ao cacique mor, definiu a morte, sepultada pela sentença.