Inefável

É difícil amar de novo após ser destruído de alguma maneira por causa de um amor. É basicamente um ciclo vicioso, você entra, quer muito que dê certo, se esforça e no final aquilo quebra bem diante da sua cara, os estilhaços atingem e seu rosto e você sutura as feridas com uma linha chamada tempo, a grande questão é que alguns pontos se enterram na carne, e as vezes infeccionam involuntariamente, mas esse não é o foco desse texto, visto que todo mundo conhece a dor do amor, quem nunca foi decepcionado? A gente segue em frente, mas e depois? Quando um possível novo amor chega? Achamos que está tudo bem e que superamos a decepção, mas nossa pele fica marcada com a cicatriz horrível. Estou irremediavelmente marcada e as vezes imagino que até estilhaçada demais, mas cá estou, no auge dos meus 22 anos, 10 meses após um dos eventos mais traumáticos da minha vida me apaixonando de novo. E estou tão apavorada que nem sei como me comportar diante dos meus sentimentos e dela, sinceramente nem entendo como ela pode me achar interessante ou mesmo digna de uma tentativa de construir algo com 700 km nos distanciando geograficamente. Sim, geograficamente apenas, pois por mais estúpido que pareça eu a sinto aqui, consigo vê-la perfeitamente quando estou quase adormecendo e sentir seu cheiro inundando as minhas narinas. É louco o efeito que ela tem me causado, parece uma droga, me deixa frenética e eufórica, mas quando eu deitei na curva do pescoço dela eu consegui sentir a paz, aquela que a gente almeja quando tem 16 anos e pensa que encontrou o amor da nossa vida. Não, não sou desesperada e não acredito que existe o amor da nossa vida, visto que, podemos ter inúmeros amores ao longo da vida e cada um pode nos marcar de uma forma diferente (nos ferrar também), mas é uma forma bonita de expressar como me sinto no momento.

03/08/2020