Celulite infecciosa

Cantarolar de Chico Buarque

que “todo dia ela faz tudo sempre igual”

é tão bom e saudável, rotinas!

Duro é quando a rotina é hospitalar sem que se saiba quanto durarão.

É verdade que os amigos de verdade foram um bálsamo,

Acompanhando diariamente minhas notícias,

tão repetitivas, muitas vezes, tão aflitas, tão sem esperança.

Muitas vezes sonhei sarar. Isso há quase 4 meses já! E muitas vezes o corpo não respondeu, e a sensação era de que há qualquer coisa maior do que o pulso da vida, e que é imperiosamente dormente. Isso extenua.

Com o tempo, perdi a referencia de cidade, de minha nova casa, de novas ruas e árvores. Meus caminhos viraram descaminhos.

Cada manhã era olhar sinais de dor, de temperatura, de dor, e lembrar sem querer da dor da responsabilidade por aquilo. Tudo foi doloridíssimo. Apavorante, cada manhã, uma sentença, uma submissão, um suportar, um esperar, um desesperar.

Mas as velas da mãe acesas, as dezenas de terços, orações e pedidos de tantos. A lembrança simples de gente simples de que “um dia acaba”, me deram alento nesse cruel dia-a-dia desde 23 de agosto.

Escrevo isso para marcar um período onde dias e noites não tinham sol e nem estrelas respectivamente.

Havia um organismo, lutando pela recuperação da saúde.

Ainda não teve fim. Ainda não tive alta. Nem sei as consequências de tão longo tratamento.

Mas já é mais que hora de agradecer!

As amigas e parentes me fizeram sonhar no dia-a-dia solitário num hospital pelas mensagens via celular. As mensagens diárias de amor que me aninharam me deram canal de expressão de meu medo, de minhas dores, e até de minha irritação.

Agradeço tudo. Bebi cada mensagem, cada palavra, cada desejo. Senti-me amada.

À filha e ao Luiz que diariamente cuidaram de tudo.

Obrigada.

*Não, eu nunca perguntei aos céus porque eu. Porque se o fizesse, antes, teria que perguntar por tanta gente cuja vida segue miserável sob o ponto de vista da saúde física! Teria que saber porque de outras vidas mais jovens e muito mais imprescindíveis que a minha e que já se foram e de modo muito mais violento...Eu realmente nunca perguntei porque eu, apenas não suporto certas dores e choro mesmo, e grito, como uma criança.

Pensem 10 vezes e repensem mais 10 vezes a opção por uma cirurgia estética!

2015