Medo

Medo. Essa palavra de miseras 4 letras define meu sentir para inúmeros aspectos da vida nesse momento. Estou há poucas horas de uma consulta que poderá me dar um diagnostico de saúde comprometedor e com isso eu teria que me submeter a mudanças e procedimentos. Eu sempre fui corajosa e atrevida diante das adversidades, sempre afirmei não ter medo da morte, e de fato continuo não o tendo, mas tenho medo de morrer. Na minha concepção morrer não é um ato único, ele carrega pequenos atos que descaracterizam nossas células, retiram nossa identidade e brilho, revela o pior em nós, o desespero, a amargura e a ilusão, eu tenho medo não de não fazer todas as coisas que sonhei, de ter pequenos prazeres da vidas negados a mim por uma batalha inglória contra a doença. Qual será a sensação de pisar na casa própria? O nervoso de estar prestes a subir no altar? O amor ao segurar uma criança que acabou de vir ao mundo pelo seu corpo? EU NÃO SEI! Quero desesperadamente saber estas coisas, quero desesperadamente viver outras mil coisas, evoluir como pessoa, plantar arvores, tomar chás, planejar viagens. Não quero ser tirada de rotação ainda, eu sequer sei a sensação de ter um lar com paredes e com o amor da minha vida dentro. Eu talvez ainda sequer alcancei a paz nessa encarnação, me livrei dos laços tóxicos, corrompi meus traumas, consegui o emprego dos sonhos, eu estou no processo disso, e apesar de saber que todas as coisas que acontecem são para um bem maior que é a evolução humana, nesse momento estou pedindo genuinamente a Deus pra me conceder mais tempo, por favor.

LicinhaS
Enviado por LicinhaS em 21/03/2022
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