VISLUMBRADA

Tem dias que a luz-e seus fótons- de mais rica energia, não energizam a minha pessoa. E toda a matéria tão complexa, tão abrangente, tão exótica e coerente não me importunam como os pensamentos.

De tanto pensar, lacrimejo e escrevo... Não escrevo para ser poeta, pois hoje não sou. Não escrevo para ser cronista, pois hoje não sou. Escrevo porque não estou triste e nem feliz e se não sei descrever, escrevo.

E quanto mais martelam os devaneios de uma manhã universitária e uma noite boêmia, mais eu me sinto perdida em mim mesma.

Eu me encontro naquelas folhas e naqueles olhos, olhos que correm pelos meus e me dizem "não". E me encontro também naquele chão que eu estou pisando, um novo solo, tão baiano, uma nova linha torta a quem a geometria chama de curva.

Se eu me encontrasse em outra terra, longe do conhecimento e dos sentimentos das eras, eu seria outra Ingrid feita de carne igual essa, mas sem a carne relutando pelo seu lugar.

Eu não dou ouvidos a carne pois ela me pede demais, então dou à razão, que me reprime e me endireita, progressista como só ela. Dai-me teu cerne, óh razão! Para que eu energize com os fótons que hoje desapareceram.