Saudades dos meus tempos de menina...

Outrora os jardins eram muito bem cuidados, existia uma certa vaidade e elegância para que dele exaltasse o mais belo perfume das suas flores.

Se cuidava de cada plantinha, podando, retirando ervas daninhas, regando com a água certa e elas cresciam viçosas e belas.

Quando o sol teimava em destronar a lua, trazendo seus raios ainda suaves baterem no orvalho da noite e junto os cantares dos pássaros em algazarra felizes por um novo dia, abria a janela da minha infância e via toda aquela beleza e uma sensação de gratidão infinita batia dentro do meu coração .

Espreguiçava os braços, lavava a cara correndo, descendo para o café, o cheiro dele exaltava pela casa e do pão torrado, as vezes sentia o cheiro do cigarro na banheiro, hoje ainda sinto saudades desse cheiro... Primeira coisa de meu amado padrinho nesse dia, fumar, sentia o perfume da minha tia no seu pescoço e o cheiro da nívea no seu rosto... Que coisa boa de minha infância, comia correndo, tinha pressa de ir brincar, minha Emilia tão amada resmungava, e sempre falava, sempre muito bem vestida com um vestidos de rendas e uma linda batinha de proteção imaculadamente branca como a minha pureza de menina.

- " Betinha não te sujes."

Como hoje queria viver de novo tudo isso, ficava no jardim correndo atrás das libélulas e das borboletas, colocava muros nas pobres das formigas, cheirava as flores, cortava sempre um escondida para oferecer.

Sentada na cadeira de ferro pintada de branco com os livros sobre a mesa, ás vezes uma limonada onde as abelhas faziam das suas... Ficava lendo, imaginando o mundo ainda maior que aquele ali. Se eu tinha amigos imaginários sim tinha e muitos.. Todos eram muito queridos jamais me questionaram( Riso). Gostava de ir até ao espaço, via novas dimensões e outras gentes diferentes de mim, falávamos muito telepaticamente, nunca vi ninguém doente, eram todos bem cuidados e bonitos, mesmo diferentes de mim. Imaginava grandes naves, eu dentro delas elegante vestida com um macacão azul escuro e claro cingido no corpo, sentada via a terra bem longe era tão linda...

Fui crescendo, guardando as memórias do tempo de criança, hoje ainda vou ate aquele jardim, vejo as pessoas da minha infância, cuidando do jardim, das lindas roseiras e eu ainda sinto o cheiro das mesmas dentro da minha alma.

O que mais vi foi o amor, o amor que cuidou, que fez crescer e me fez o que eu sou hoje.

Saudades dos meus tempos de menina...

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Autora - Betimartins