Reminescências de outubro

Aquela música asfixiou meu coração, e mesmo que ele quisesse saltar e chorar eu sabia que o estrago já tava feito.

Volto uma semana depois. Nem lembro quem eu era no parágrafo de cima, mas tenho uma vaga ideia de que vou me perdendo a cada vírgula. Como uma verdade que vai secando, desidrata.

Acordei por agora, não lembro o que sonhei, acordei suado, febril. peguei o celular e teclo. Acho que era alguma coisa sobre aniversários. Eu achava aniversários tristes, em certa medida, não costumava brincar como as outras crianças, nem junto delas.

Esqueci quem eu era outra vez. Dessa vez a dor do dia é o silêncio tátil.

Saí no meio da aula. Abri o bloco de notas. Estou no banheiro. O cheiro forte de produtos de limpeza me dá náusea. Achei que ia conseguir desanuviar a mente, mas a pressão do teto e do chão ainda assolam.

Voltei aqui pra dizer que tudo isso era besteira. Que nenhum desses parágrafos jamais foi eu, nem nunca será, pois a partir do momento em que era, já não é mais.

Como diz Mia Couto em o "Homem cadente"

"Quem cai já caiu."