Reminescências de novembro

Novembro começou bem. Tomara que continue.

Eu ri bastante hoje com o vídeo daquele pastor falando "morreu agora, agorinha" com um sorriso no rosto, uma serenidade. O Brasil segue um mistério, uma fruta bizarra, afrodisíaca, autóctone, doce, amarga, indecifrável.

Verônica disse que já estava ficando patético, que eu tinha que superar. Concordei. Consegui? Não sei.

Gal morreu hoje. Tristeza.

Ouvi "negue" da Bethânia, hoje. Chorei que nem menino. Ainda é difícil aliviar a pressão da cachola, ainda é difícil qualquer coisa.

Gratidão. Gratidão eterna e profunda. Quem tem amigos nunca está só...

Hoje li uma carta de amor. Elas são sempre tão piegas, bregas, intensas, verdadeiras...eu adoro.

Eu devo ter envelhecido uns dez anos nessas últimas semanas, me sinto cansado, me sinto ansioso, tem um curta pra gravar, o prazo é implacável.

Ouço o transa religiosamente todos os dias, agora. Arte é refúgio. A última vez que rolou, talvez há um ano, devo ter escutado a discografia do Djavan quase toda.

Ontem fui ver uma amiga. Bebemos vinho, vimos o jogo, coloquei "você é linda" pra tocar, fiquei impraticável. Não me lembro de muito, estava com a mente em outro lugar.

Verônica segue não errando, eu tenho que superar isso. (Pode falar um "eu sei" dos grandes Vê, eu deixo.)

Hoje eu li uma prosa que me emocionou. É de um quadrinho do Maurício de Souza. Um amigo, Tiago, fez a gentileza de adaptar em texto. A história é a do "Porco espinho e a borboleta-fada" Como toda boa história (e triste) fala sobre uma amizade impossível

"Era uma vez um porco-espinho órfão.

E ele era muito solitário…

Porque ninguém queria saber de brincar com ele.

Não que ele fosse mau, longe disso.

O que afastava os outros eram seus espinhos!

Alguns tinham medo de se machucar.

Enquanto outros tinham raiva dele, pois seus espinhos o faziam diferente de todos os bichos da vila.

Por melhores que fossem suas intenções, ele não conseguia se aproximar de ninguém..."

Na história, a estrela que ele súplica, atende as preces e envia uma borboleta-fada pra ser sua amiga, mas a amizade (claro) vem com algumas condições: Uma delas é que só poderia acontecer até às 6 da tarde.

O protestar do porco-espinho me acertou em cheio:

"... De que adianta você vir até aqui e me fazer gostar de você só pra depois ir embora me deixando com o coração partido?"

O amor tem sido minha amizade até às 6.

Novembro tá quase acabando. Agora são 0:44. 28, segunda. Se algo de relevante acontecer até a virada do mês, eu acrescento. Daqui a algumas horas o Brasil joga. Esse mês meu coração se encheu de coisas indefinidas, mas principalmente de carinho. No fim eu sobrevivi. Que venha dezembro.