Aprendi

Acho que perdi minha fonte inspiradora. Agora, os beliscões que eu sinto no peito acontecem com menos freqüência e de maneira efêmera. Aprendi a engolir o choro e as lamentações (até porque acho que acabei me acostumando com as patadas e insultos). Aprendi que amar não é garantia de ser amado, que um começo maravilhoso não é garantia de perfeição, que um amigo não é garantia de felicidade, mesmo já sendo muito. Aprendi que viver talvez nem seja melhor do que morrer e que ir para lá nem seja melhor do que morar nesse lado de cá. Aprendi que certas coisas nunca irão mudar seus ângulos de rotação e outras nunca os repetirão. Aprendi que pessoas sempre pensarão primeiro em si, depois em seus rivais, em seus iguais e, por fim, nos outros. Aprendi que ser poliglota não traz paz para ninguém. Aprendi que saber abrir os ouvidos faz bem mais por você do que chamar atenção por meio de palavras eloqüentes. Aprendi que, nem sempre, confessar suas dores faz alguém renascer. Aprendi que lágrimas podem não ser sinais de tristeza e que nem sorrisos garantem um estado de espírito leve. Aprendi que aquele chamado ‘amigo’ é na verdade irmão e que devemos coar aqueles que assim chamamos. Aprendi que a vida é bem mais que a minha rotina, que nem sempre o nosso sonho pode ser alcançado. Aprendi que às vezes tem alguém querendo te dar as duas mãos. Aprendi que a vida é viver sempre mais um dia.