COMPREENDENDO O DINAMISMO DA VIDA

 

     "Sentir é criar.

Sentir é pensar sem ideias,

  e por isso sentir é compreender,

      visto que o Universo não tem ideias"

                    (Fernando Pessoa)

 

A vida vem...

A vida vai...

Será que volta?

Sei lá!

Quem poderia, em verdade, "compreendê-la" em seus místicos

... movimentos para, em conclusão disto, aceitá-la?

E quem a perceberia - a vida - como que a partir dos olhos

... de um amante [par'ela]?

São raros, eu sei!

 

 

E eis uma borboleta a se aproximar de mim... agora

E eu a percebo (atentamente)

Ao contrário das milhões de almas que não reparam nada

E co'ela dialogo:

 - Oh! Como tu, ó linda borboleta, somos todos [aqui]

É verdade:

Não existe diferença entre nós (nenhuma) no que se refere

... ao vital “processo substancial”... do"vir-a-ser" (become)

Oh! E quando terminará a [nossa] sagrada jornada?

Haverá um dia...

... ou jamais se findará... pelo que eternamente seguirá?

 

 

A essência a buscar a existência... no tempo

E não é?

Para depois, voltar a ser... soment’ela mesma: "essência pura"?

E assim, a fazer uma longa (ou talvez não) viagem

Todavia, oh! que ela não s’engane em achar que ficará para sempre

... n’atual forma na qual s’encontra

Não, em sua devida hora ela precisará retornar

(Tal como o filho pródigo... para a casa do Pai)

 

 

Seria a vida... imortal?

Pergunto d'outro modo:

O que, na verdade, morre?

Ou será que a verdadeira vida foge de nossa percepção?

Oh! Como eu gostaria de ter um acertado pensamento sobre a vida!

(Desta que a todos se faz conhecê-la... somente pelos sentidos)

 

 

O que se cria no tempo a que não nasceu [antes] na imaginação

... de quem o construiu?

Deste que só Ele sabe qual será a sua concreta “forma”

(Ou o seu aspecto posterior)

Oh! Quem antes de conhecer uma borboleta saberia que

... d’uma lagarta ela veio?

E não é que ela – a borboleta – os nossos olhos a repara,

... e não atentamos à lagarta?

E por quê?

Simplesmente porque nossos olhos “discriminam” as formas

Na verdade, todas as formas

 

 

Ai! Quem dera se um dia o sapo fosse por todos reparado

E, sobretudo, admirado

Ou, então, um calango de quintal... ou, mesmo, um "mísero" inseto

 

 

Contudo, para isso, será preciso purificar o "ato de ver"

No que nest'hora pode-se, então compreender o sentido da

... bem-aventurança:

"Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus" (Mateus 5:8)

No que igualmente poderia se dizer:

"Felizes os que têm olhos puros porque percebem a beleza em tudo"

 

 

Contudo, olhamos apenas para o que julgamos atraente e belo

E fechamos os olhos ao que não nos agrada

(Porque o consideramos “feio”, ou então... “esquisito”... "nojento")

E, assim, observamos a ave desperta [de vida]

Mas recusamos vê-la quando está ao chão caída (da morte que a ceifou)

Ou será qu’em verdade não estaria morta, mas, sim, n’uma

... “outra dimensão”?

 

 

Seria a vida um sonho do qual precisaremos acordar?

E não é que essa dura argila (a que somos) iremos [todos]

... ter que deixá-la?

E a vida a que d’um fragmento surgiu novamente partirá

A seguir um novo e desconhecido rumo

E qual será sua “nova forma”?

Ah! Acaso alguém [aqui] saberia?

E seria o “acaso” a que reunirá nossas “partículas”?

Não creio!

A única coisa qu’eu sei é que a borboleta não voltará a ser....

... a [não tão atraente] lagarta que um dia foi!

 

 

25/12/2022

 

IMAGENS: FOTOS POR MIM TIRADAS NO DIA-A-DIA

 

MÚSICA: “AMOR DE ÍNDIO” – Com Gabriel Sater e João Carlos Martins

https://www.youtube.com/watch?v=j-Z9IJAgvxs&list=RDj-Z9IJAgvxs&start_radio=1

 

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 25/12/2022
Reeditado em 25/12/2022
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