Reminescências de dezembro

A primeira frase disso aqui vem pra dizer que dezembro é, por natureza, um dos melhores meses. Não por ser o último antes do primeiro, nem pela ritualística óbvia, mas porque é tempo de celebrar a vida de gente muito querida.

Quem tem amigos e família viaja sempre com bagagem.

Na quinta gravamos. Atuei, vamos ver se ficou bom. Semestre acabando, negligenciei e deixei pra depois algumas coisas, outras consegui atravessar, vamos seguindo.

Ontem bebi, ontem lembrei, hoje esqueci.

Cansado. Semestre quase no fim, minha energia também. Tenho lido bastante, tenho pensado muito em qualquer coisa, tenho tido pouco dinheiro, tenho tido muita dúvida, mas tenho estado vivo. Hoje vamos gravar, tem jogo do Brasil, Bethânia tem sido alimento. A auto negligência continua. E aqui uma coisa: é engraçado com algumas relações se sustentam com vazios. Ou seja, não se sustentam.

Hoje foi um dos dias bons, mas daquela espécie que não é bom por nenhum motivo específico, é bom porque não é ruim. Fiquei na sozinhez da biblioteca.

Quarta. Hoje uma tristeza súbita e grande me pegou. São 2 da manhã, estou na cozinha fazendo o que sempre faço quando vem dessas: Música e alimento. Devorei uma manga, ouvi Gal.

Hoje é quinta de um dezembro quente. A ansiedade cresce em progressão geométrica, pensar não dá conta das coisas, escrever não da conta do futuro. As escrevinhações se esfarelam com o tempo.

Sexta. O hexa escapou pelas mãos. Não quero ser o chato que pergunta "futebol é mesmo importante?" Mas já sendo...Falando em escapar pelas mãos, tem muita coisa que vem sendo assim ultimamente. É ruim sentir que não dá pra ajudar o outro, que o outro tem a sua própria cruzada pessoal pra lutar, que por qualquer que seja o motivo, não podemos fazer nada sobre.

Ontem um cansaço se apoderou dos meus ossos, fez morada e mastigou, retorceu o juízo. Metadinha do meu dia foi simbora nisso, mas deu pra terminar o que tinha de terminar, ver o que tinha de ver, sorrir o que tinha de sorrir e abraçar o que era de abraço.

Terça. Hoje rasgo a madrugada. A tela do meu computador brilha molhando o escuro, tenho o curta pra editar, li mais Mia Couto, pensei em como as coisas mudam rápido, e por mais que a gente insista numa linearidade da vida, ela só tem de reto o envelhecer, o resto é torto, confuso.

Sábado. A última vez que escrevi aqui era terça, eu acho, hoje é sábado. O texto vai ser longo, tão longo que transformei numa crônica.

Segunda. O mês quase vai embora. É importante dizer aqui que, por incrível que pareça, os dias bons são maioria. É importante dizer também que parece que por mais que sejam maioria, eles ainda alegram menos que os ruins doem. Sabe? Uma porção desproporcional quando compramos um com outro? Não levem a mal, não sou dos que olham pra floresta e só vê lenha a ser cortada, juro. Tem florestas lindas lá fora.

Quinta. A vida continua sendo dádiva. Hoje a desorganização revolve os ossos, o lado bom é que, férias! Não veio sem esforços, surtos e achar que não ia dar certo, acabou que deu. Deu e foi maravilhoso. Tô no Caminho certo, eu acho.

Sexta. Uma anotação rápida sobre aniversários de crianças. É curioso pensar que daqui a algum tempo a maioria delas não vai sequer lembrar do momento. Outra coisa interessante, o futuro vai ser bem mais delas do que meu daqui sei lá, 30, 40, 60, anos, e isso é maravilhoso. A vida é um milagre que acontece enquanto acontece.

Adoro o Natal. Ansioso pra ver parente q brigou o ano inteiro junto, geral voraz atacando a ceia, pois só pode comer depois de meia noite, vó chorando e dando discurso, todo mundo a mesa cantando parabéns pra jesus...

Terça. Tenho mania de listas, não sei se já escrevi sobre Isso. Aliás, esse é outro problema, eu sempre acho que falo das mesmas histórias, das mesmas piadas, mas na verdade as vezes nem falei, ou falei só pra mim. Vamos a lista: essa é sobre coisas que eu gosto. Sem números, numerar seria impor ordem de importância. Não.

Trocadilhos, piadas, jogos de palavras

Ler poesia

Escrever poesia

Café

O "transa" do Caetano

O "álibi" de Bethânia

Ouvir os outros

O quiche de alho poró que vó faz

Falar besteira

Caos

Feijoada

Cerveja gelada

Silêncio

Música ao vivo

Meus sobrinhos

Toque

Cheiros, gostos, e sons que lembram outras coisas

Falar besteira como se fosse coisa séria

Torresmo

Ah, e palavras, palavras. Sem elas as listas ou qualquer textozinho sequer, seria só página em branco.

(Caso algo de relevante aconteça antes do fim do mês, e que não me mate, não me deixe rico, ou me teletransporte pra uma realidade alternativa, eu venho aqui pra registrar. Que venha janeiro.)