O Simples.

Quanto vale cada coisa que tanto lutamos pra conquistar?

De onde vem a força sem dimensões que juntamos pra isso?

Valorizamos muito o impossível,damos tanto valor ao que está distante.

Que perdemos de vista as coisas que de fato são reais,as que realmente importam.

Como o simples nascer e por do sol,que tantas vezes passam sem reverência.

Vai fazer falta esse tempo valioso,que não teremos mais e, ainda assim caminhamos.

Acompanhados de muitos e diferentes fantasmas,todos íntimos.

Próximos a nós,cada um deles tem algo que não queremos deixar.

Nem precisamos fugir de algo tão próximo,vale mais a presença vazia.

Vigilantes nas sombras brancas,de olhares firmados no possível.

Buscando um infinito que é certo que jamais teremos.

Nos debatemos por toda uma vida,enjaulados em nossas consciências frias.

Impregnadas da fantasia de sermos grandes,todos os dias.

Com isso nem vemos os ventos do ego,soprando pra longe o suave gosto sermos nós.

Aceitamos as rotinas e, caímos sempre na vala da presunção.

Todos os dias,nem relutamos a isso só figimos,que temos a noção exata do lugar futuro.

E seria tão espantoso chegar,abrir as portas enferrujadas.

Da impaciência colhida dos nossos supostos erros.

Todos eles,todos os dias diante dos olhos atentos,cheios de uma sabedoria desbotada.

Diluida nas imersões cautelosas de cada segundo perdido,das coisas simples que nos fariam bem.

O mesmo bem que pode trazer o sentido,ofuscado pelo brilho turvo das lutas.

Dessas devemos carregar as cicatrizes,como sinal de coragem.

Essa é uma marca dos guerreiros,levantados ao longo do tempo.

Da injusta contagem sem sincronia,que esmagam nossas vaidades.

E refletem de maneira impiedosa,cada versão nossa.

Sem nenhuma misericórdia,afastando todos vestígios do que projetamos.

Nem sonhos suportam esse caos,nem o mais simples desejo de ser apenas carne.