Crimes Passionais

Neste meu texto eu quero refletir a respeito de uma coisa que poucas pessoas pararam para analisar. Eu me refiro aos crimes passionais, que estão cada vez mais nos noticiários. E quero levar você, leitor(a), a raciocinar o seguinte: haveriam tantos crimes passionais se, em nossa sociedade, as pessoas fossem livres para se relacionarem com quantas pessoas desejassem? Pode parecer estranho escrever algo assim, mas é apenas uma reflexão. Será que numa sociedade, onde ninguém é obrigado a ficar com outra pessoa, aconteceriam tantos crimes passionais, tantas mortes?

Vamos imaginar uma sociedade, onde o casamento é aberto e não uma espécie de “prisão”. Vamos analisar também a questão da “fidelidade” e do “respeito mútuo”. O objetivo aqui é tentarmos enxergar um mundo onde as pessoas são livres para se envolverem com outras pessoas, sem a ideia de “proibições” ou “transgressão da lei”, como acontece em nossa sociedade atual. Não quero inventar a roda novamente com esse meu texto, apenas imaginar como seria uma sociedade onde o homem não é dono da mulher; nem tem o direito de assassiná-la ao descobrir que ganhou um novo par de chifres. Aliás, tem homens que traem suas esposas, durante muitos anos; E não aceitam serem confrontados por elas. Mas, quando as mulheres conhecem outro homem na rua, e se apaixonam, logo os “machões” querem bater e espancar sua mulher, até a morte. É sobre isso que estou tentando refletir.

Eu sei que, infelizmente, existem mulheres que apanham do companheiro, mas não tem coragem de abandoná-lo. Ou por sentir medo, ou porque não tem coragem de trabalhar e lutar sozinha. Algumas mulheres se acostumam com os maus tratos do marido dentro de casa; enquanto sabem que a “vagabunda”, lá fora, a “amante”, a “piriguete”, está recebendo flores, roupas, eletrodomésticos, indo ao salão de beleza todo fim de semana, indo ao cinema, ao shopping... E a Amélia, que lava, passa, cuida dos filhos, e tem cheiro de cândida, cloro, de alho e cebola, vai remendando suas calcinhas e sutiãs na máquina de costura. E os anos vão passando, e a mulher conformada não muda de vida nunca. Não toma uma atitude para mudar. Algumas até acreditam que nasceram para serem maltratadas, e não merecem nada além de humilhações e desprezo.

É aí que eu volto a perguntar: será que essas mulheres seriam humilhadas numa sociedade onde elas fossem totalmente livres para procurar outros homens? Será que, pelo menos, se elas soubessem que tem o direito de sair de casa para procurarem outra pessoa, não seria mais fácil para elas? Eu não acredito que uma mulher, sendo maltratada, ao saber que tem o direito de ser feliz com outra pessoa, desprezaria tal oportunidade. Rejeitar a chance de ser feliz, é como colocar a mão no fogo, sentir a dor, e continuar sofrendo. Não tem lógica nisso! Por natureza, o ser humano busca o que lhe traz paz, alegria, felicidade e sentimentos bons. Não existe uma pessoa que ama sofrer. A não ser que seja uma pessoa com problemas mentais graves. E neste caso, temos a doença como a principal responsável pelo desequilíbrio emocional, pela distorção do comportamento, etc... E não seria exatamente uma escolha, uma decisão tomada em sã consciência.

Desde de que o mundo é mundo, o homem e a mulher procuram se sentirem bem. O que não pode acontecer é só o homem querer se sentir bem, enquanto a sua companheira está sofrendo, diariamente, sem ter a oportunidade de mudar o que está ruim em sua vida. É o caso da moça jovem que conheceu um rapaz, e encheu a casa de filhos. Agora, com quatro filhos para criar, o rapaz resolve ir embora com outra mulher. Ele, sendo homem, vai curtir a vida, namorando, passeando, viajando, conhecendo vários lugares. E a moça com quatro filhos, que já não tem mais aquele “corpo violão”, agora observa que já está cheia de estrias, celulite, varizes, e pensa como vai dar um jeito de atrair alguém com a sua beleza. Muitos homens assumem mulheres com filhos, isso acontece no mundo inteiro. Mas, isso não é uma coisa que acontece com frequência. E, também existem casos em que uma mulher com filhos pequenos, ao conhecer outro homem, com o tempo descobre que ele é um pedófilo, um maníaco, um abusador de crianças. E, infelizmente, a mulher acaba se frustrando mais uma vez.

Ou seja, pelo que parece, não existem muitas saídas para a mulher. Tudo é mais fácil para os homens. Eles não ficam “grávidos”, não tem “TPM”, não se preocupam com a “menstruação” todo mês. Olhando por esse lado, tudo parece ser mais simples para os homens. A mulher se preocupa com a beleza do corpo, e tem medo de ficar feia, de ser desprezada. As mulheres negam, mas vivem disputando entre si, mostrando roupas bonitas, corte de cabelo, unhas coloridas, malhando na academia, etc... Enquanto o homem, quando fica cego por outra mulher, simplesmente vai embora, sem se importar com a beleza de sua companheira, que um dia lhe encantou. Mas, se a mulher resolve fazer o mesmo, poderá ser assassinada, sem dó nem piedade.

Essa é a atual situação no México, onde o feminicídio é assustador. Em países da América Latina, em especial, no nosso Brasil, a taxa de assassinatos de mulheres é muito alta. Diariamente, várias mulheres morrem nas mãos de homens covardes. E as nossas autoridades, que deveriam endurecer mais as penas para esse tipo de crime, não fazem muita coisa. Os telejornais mostram diariamente, mulheres que são maltratadas dentro de casa, e assassinadas pelos seus companheiros: marido, noivo, namorado, “namorido”, “ficante”, etc...

O recente caso do “machão da academia” que, sendo covarde, agrediu uma de suas clientes, só porque ela se recusou a fazer sexo com ele (segundo a versão dela), teve grande repercussão no mundo inteiro. Depois, o “machão” fugiu do Brasil, só porque tem dinheiro para viajar às pressas. E mais uma vez, a culpa caiu sobre a mulher que, segundo a opinião de muitos, ela deu moleza para o homem. É sempre a mulher que leva a pior. A sociedade foi forjada dessa forma. E olha que eu sou homem, não sou um “feminista” defendendo as mulheres. O que eu escrevo aqui, é fruto de muitas pesquisas e de minha própria experiência no dia a dia. Eu já conversei com prostitutas, mulheres casadas, moças drogadas nas madrugadas, lésbicas, mulheres religiosas, mulheres jovens e idosas, enfim... Eu sei o que eu estou dizendo aqui. Eu não preciso ser um escritor super inteligente, nem preciso ser um segundo “Freud”, para entender o que está acontecendo com as mulheres neste mundo.

O título desse meu texto é “crimes passionais”, justamente para analisarmos que, a maioria dos crimes motivados por ciúmes vem da parte dos homens. São os homens inseguros, covardes e violentos, que matam mulheres. Enquanto que, a maioria das mulheres, ao descobrirem que estavam sendo traídas, ficam tristes, choram, pensam em vingança, mas não planejam um assassinato com requintes de crueldade, como acontece com os homens. E digo mais: quanto mais o homem pensa no chifre que levou, mais ele planeja um crime cruel. A mídia já mostrou homens que foram presos após terem assassinado suas companheiras. Alguns se mostram arrependidos, porque a raiva já passou, outros continuam com ódio , não aceitando a traição de jeito nenhum. É aí que eu volto a refletir sobre o que escrevi nas primeiras linhas deste texto: será que numa sociedade onde as pessoas são livres para se relacionarem com quem quiserem, haveria tantos crimes motivados por ciúmes?

Aliás, haveria ciúme doentio? Uma vez que ambos, homem e mulher, estariam livres, para ficarem com quantas pessoas desejassem. Será que essas crises de ciúme doentio não são por conta das leis e das regras, impostas em nossa sociedade, como, por exemplo, “NÃO ADULTERARÁS”, “NÃO COBIÇARÁS A MULHER DO TEU PRÓXIMO”? Eu sei que, do ponto de vista religioso, cristão, tal situação seria um absurdo. Eu tenho consciência disso. Toda e qualquer ideia que venha contrariar o que está na bíblia ou em qualquer livro, dito sagrado, causa polêmica.

Mas, não custa nada fazermos o seguinte questionamento: será que poderíamos viver numa sociedade onde essas proibições não existissem, em perfeita paz e harmonia? Será que esses crimes passionais não existem, e cada vez mais se multiplicam, somente por causa dessas proibições? Ou seja, será que os homens se sentem “donos” das mulheres, por causa dessas leis que proíbem a troca de casais, por exemplo?

Será que não haveria mais entendimento e menos violência, se todos soubessem que, “NINGUÉM É DONO DE NINGUÉM!”. “NINGUÉM É MERCADORIA DE NINGUÉM!”. “NINGUÉM É OBJETO DE NINGUÉM!”. “NINGUÉM É OBRIGADO A FICAR ETERNAMENTE COM NINGUÉM!”

Eu, como o saudoso cantor John Lennon, só peço uma coisa: IMAGINEM!

Esse texto não é para causar polêmica, nem escândalos. É apenas uma reflexão sobre a situação atual a respeito dos crimes passionais, o feminicídio, o assassinato de mulheres de várias idades, várias etnias, vários credos religiosos, várias classes sociais, etc...

Vamos mentalizar a cena do cachorro com o osso na boca, e não quer soltar de jeito nenhum. Existem homens que se comportam desse jeito com a sua mulher. Se alguém olhar para ela, ele vira um monstro. Tem homens que não deixam a sua mulher ter amizades com ninguém, porque ele é inseguro e tem medo de receber um par de chifres. Não que a esposa dele vá fazer isso, mas é o que ele pensa constantemente, tendo a sua mente doentia. Muitos homens tem problemas mentais e não sabem. E são orgulhosos para irem a um especialista e pedirem ajuda. Preferem fazer a sua mulher sofrer dentro de casa, ao invés de buscarem ajuda médica. Por isso, muitos relacionamentos não acabam bem. Tem milhares de mulheres, nesse exato momento, lidando com um monstro dentro de casa. Um homem agressivo, chato, violento, e que faz ameaças diariamente.

Que esse texto possa ajudar algumas pessoas a refletirem mais sobre esse assunto. Repito, não tenho a intenção de causar polemicas, nem de colocar as mulheres contra os homens, como pensa o movimento feminista. É apenas uma reflexão. Se muitos escritores tiveram a ousadia de criar “sociedades utópicas”, por que eu não posso imaginar uma sociedade onde ninguém é dono de ninguém, e não existe nela crimes passionais? Onde as mulheres são livres, não são objetos descartáveis, nem são mercadorias de homens. Onde os homens tratam todas as mulheres iguais, com respeito, amor e carinho. Sim, eu posso escrever sobre uma sociedade utópica também. Por que não?

Termino esse meu texto dizendo: todo dia é "Dia Internacional da Mulher".

Que você possa refletir sobre isso.

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Junior Omni - 2023

JUNIOR OMNI
Enviado por JUNIOR OMNI em 14/03/2023
Reeditado em 13/07/2023
Código do texto: T7739720
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