Meu natal

O nosso natal era

Barulho de vozes que ecoava em alegria

A casa era cheia

De corre corre das crianças

No meio da bagunça de brinquedos

O cheiro da comida cozinhando

A louça extra caindo por sobre a pia em exagero

Havia conversas sobre filmes

Sobre contos das estradas

Dos sonhos para cada um

Havia a esperança de dias bons

Que tolos éramos, pois

Eles já estavam ali

Nosso final de ano era sempre uma grande festa

Cabeças alinhadas para saber quem havia crescido mais

Barrigas anunciando-se como mais uma etapa

Que saudade

De nossa família

De nossos pequenos

De nossos pais

Não sabemos exatamente por que não há mais esses dias

Acredito que havia alguém a favorecer todo este ato a acontecer

Desde que ele se foi

Não houve mais dias de tamanha bagunça

De confusão de vozes

De crianças alardeando

Sujando sala

E desarrumando objetos

A vida sem vida é objetos em seu devido lugar

Não há sujeira

Não há bagunça

Não há o que arrumar

Nada se compara ao barulho da vida

De choro e brigas

De estragos de cristais

E tapetes manchados

Quero tudo isso

Para minha casa

Quero tudo isso

Para meus natais.