Acaso
E de repente, talvez por acaso,
O acaso nos prega uma peça.
Aquilo que era improvável,
Aflora, encanta, e, meça!
Que força é essa?
Que exalta, que cala, que sonha...
Do imprevisto, tenho agora a certeza.
De olhos que se querem,
Bocas que se atraem,
Corpos que se desejam
E ardem em paixão.
Essa chama que incendeia
Vem nos atormentar
O coração, a razão,
Vem o sono tirar...
Teu cheiro, teu gosto,
Tua respiração ao meu ouvido,
Nada disso sai da lembrança…
Dia após dia, noite após noite,
Desejo que estas lembranças
Tornem-se reais,
Para que eu te tenha em meus braços
Por, pelo menos, uma vez mais...
E pensar que bastou apenas
Um olhar, um segundo, um encanto,
Para que a tristeza que me fazia manto
Fosse embora com volta sem prazo…
Tudo, quem sabe, talvez,
Por um simples acaso.