I-XCVII Jaezes de vida e morte

Quando acordei, notei perder os dias nesta noite única.

Sinto ter passado meus anos de juventude e, agora exausto,

o sono chega ainda tardio e impotente,

largando-me nos sonhos do que foi meu presente.

Roderigo sonha ver-me nas nuvens suspensas,

imagine tua expressão ao ver-me nas trevas imensas.

Embora a noite nos para, podemos ainda tentar,

encontrar a vida nas palavras, a única forma de nos alcançar.

E se um dia vir eu a amadurecer, libertarei minha alma de Veneza.

Por enquanto, sou tolo, preso às artimanhas de Iago,

gasto a vida pelo fado de Cassio, um triste afago.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 30/06/2023
Reeditado em 03/03/2024
Código do texto: T7826437
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