O FIM DO FIM DA HISTÓRIA

Neste domingo aconteceu o segundo turno das eleições na Argentina dando a vitória para Javier Milei. Pois bem, apesar do nosso vizinho sulamericano ser um país que não tem lá grande peso no cenário político-econômico internacional, esta eleição pode ter sido o marco do fim de uma era e início de uma nova na geopolítica mundial e eu vou explicar o porquê.

Lembro como se fosse ontem há exatos vinte anos atrás, quando eu estava terminando o ensino médio e, como um apaixonado por história e geografia política, lia nos livros da época sobre a tal "Era das Incertezas" que o mundo adentrara na década de 90 e a publicação de O Fim da História pelo filósofo e economista político Francis Fukuyama anos antes, ainda no final da década de 80. Em resumo, com a iminente queda da URSS e a ascensão do que se convencionou "neoliberalismo", Fukuyama afirmou que de lá não tinha mais pra onde correr e este seria provavelmente o destino petrificado da humanidade. Mas e aí?

Eis que o estudioso nipo-estadunidense deu uma boa quebrada de cara com seu artigo! No início dos anos 2000, governos populistas ascenderam bem aqui na América Latina e a utopia socialista que antagonizou a Guerra Fria foi ressuscitada. Aliás, é de uma tremenda ingenuidade acreditar que a insaciável sede de poder do ser-humano ficaria inerte e deixaria a democracia fluir para sempre como num mundinho cor-de-rosa. Sem falar que hoje a belicista Rússia de Vladimir Putin, outrora a cabeça soviética, e a China com todo o seu poderio econômico são dois dos principais líderes globais. Certo, mas e a Argentina?

Milei não somente chega como o mais novo presidente dos hermanos rompendo com a polaridade peronismo x oposição tradicional, mas também como um tipo de governante inédito na história da humanidade se declarando abertamente como libertário, um anarcocapitalista, isto é (na teoria), o extremo oposto do super poder estatal dos ideais marxistas, absolutistas e seus derivados que nações já haviam experimentado e ainda experimentam. Tampouco alheio ao liberalismo clássico e neoliberais, que de fato promoveram maior liberdade econômica, mas nunca divorciaram a ação dos mercados com os estamentos burocráticos.

Enfim, agora é esperar cenas dos próximos capítulos, uma coisa é ter em mente e outra é fazer acontecer. Platão já sabia o quão diferente é o mundo das ideias com o mundo dos sentidos, tudo o que podemos tocar.

Só desejo que haja um bom governo e todo sucesso ao povo argentino para que se livrem da pobreza que assola o país. E não me importo nem um pouco se algum dia eu também estiver errado e quebrar a cara com este texto, pois as incertezas sempre vão existir e o futuro só a Deus pertence.