Como superar uma pessoa?

Quem nunca passou por esse tipo de sufoco, não é mesmo?

E, então? Como superar uma pessoa?

Primeiramente, você deve saber que não precisa esquecer ninguém para superar, até porque isso é impossível. E mesmo que fosse possível, perderíamos nesse esquecimento não só a dor da falta, mas também as boas lembranças e todo o aprendizado e amadurecimento adquirido.

Ninguém é obrigado a gostar de você, ou gostar da forma que gostaria que gostasse. Às vezes o sentimento é mútuo, muitas vezes não é. Precisamos aceitar e também compreender que não é uma questão de valor. O fato de alguém não se sentir atraído por você, não significa que você não seja atraente. O fato de alguém não apreciar sua companhia, não significa que você seja desagradável. Há pessoas de todos os tipos, de todos os gostos, de todas as tribos, e você não vai agradar a todos. Está tudo bem.

Entretanto, muitas vezes esse tipo de situação merece uma análise pessoal. Erramos. E se assim foi, podemos fazer ajustes, se necessário. Mas não somos obrigados, nem devemos ceder à vontade do outro somente para satisfazer as suas necessidades e vice versa.

Quanto à superação de um término, de uma decepção ou de um gostar não correspondido, devemos reconhecer que esse processo consiste em uma batalha dentro de nós. É você contra você mesmo, e não contra a outra ou o outro. Em quase todas as vezes, não é a ausência ou a recusa da pessoa amada que nos fere, mas a negação das boas sensações que sentíamos ou gostaríamos de sentir.

Nosso luto, portanto, é pelas emoções que aquela relação nos proporcionava ou que acreditávamos que ela poderia nos proporcionar. Emoções essas que, tal como drogas, se tornaram vícios. Enfrentamos um processo de abstinência, como vê, das emoções pelas quais nos viciamos, e não pelo nosso antigo ou possível parceiro ou parceira.

Essa abstinência aguça nossa necessidade ao céu. O desejo é tão grande por mais uma "dose" que, muitas vezes, engolimos decepções, desentendimentos e até atitudes graves, apenas para tragarmos um pouco mais das emoções que tanto nos faltam. É, por isso, que os términos são muitas vezes marcados por breves tentativas de retorno até o fim derradeiro. Quando finalmente percebemos que a satisfação da "droga" não compensa o seu enorme custo em sofrimento. É ai que mudamos nossa postura e decidimos nos livrar do vício, por mais que a dor seja intensa.

Entenda que é natural sentir falta e desejo por alguém que esteve próximo por muito tempo, não apenas fisicamente, mas principalmente na sua mente, em pensamentos, em memórias, em planos. Construímos um mundo dentro de nós para a pessoa que amamos e não deveria ser fácil abandoná-lo, especialmente quando consideramos o grande esforço empregado para construí-lo.

Entretanto, esse mundo é apenas um entre vários outros no imenso universo que sua mente navega. O problema é que, por vezes, damos tanta atenção ao mundinho criado só para ele ou para ela, que nos esquecemos dos outros. E é exatamente aí que encontramos uma grande oportunidade.

Você não precisa destruir o mundo que criou para a pessoa amada, até porque toda vez que tenta fazer isso, forçar o esquecimento, você só reafirma as mesmas emoções e pensamentos que lhe causam dor. Apenas deixe esse mundinho quieto. E acredite, tem muita coisa boa nele que você pode querer pegar para levar para outros mundos, por mais que a relação tenha sido difícil.

Deixando o mundinho do seu amor quieto, é hora de investir nos outros. Seu mundo pessoal, das suas coisas, dos seus hobbies, seu entretenimento. O mundinho que você reserva para a família. O mundinho do trabalho e do reconhecimento. Há até aquele mundinho da reflexão, da solitude, do pensar. Há quanto tempo você não questiona a vida, a sociedade, o planeta, suas crenças, suas atitudes? E isso é só o começo. Você também pode criar mundos inteiramente novos: turmas novas, amigos novos e, quando se sentir pronto ou pronta, relacionamentos novos.

Somos fascinados pelo novo, todos nós, não se esqueça disso. Mas, por vezes, nos condicionamos à situações de conforto. O brilho nos olhos desaparece e nos tornamos meros guarda costas do presente.

Términos e despedidas são também uma oportunidade de despertar e sair da inércia. Respirar o ar puro da liberdade outra vez e, bem oxigenados, retomar o brilho nos olhos de quem sabe que há um universo de experiências maravilhosas ao nosso alcance.

Alerto, porém, que dor não passa da noite pro dia. Você está em processo de abstinência, lembra? Mas algumas coisas podem ajudar e acelerar o processo.

A primeira é tomar a decisão de pôr um ponto final na história. Há muita relação que termina na conversa e na briga, mas continua na cabeça de um ou dos dois (ou três, quem sabe). Enquanto essa expectativa de retorno estiver viva, você não vai sair do lugar. Você tem que ser firme e decidir se vai insistir ou se vai seguir em frente. Pode ser que valha a pena tentar de novo, mas tome cuidado para não ouvir o seu vício emocional. No fundo, você sabe a resposta. E se a resposta for mesmo o fim, decida de uma vez: acabou, ponto final!

A decisão muda seu comportamento, suas atitudes. Talvez espante aquela necessidade de ficar mandando sinais, fazendo ciúmes ou tentando provar que está por cima. Se não há mais nada a resolver ou conquistar, essas atitudes se tornam irrelevantes.

Entretanto, como dito, isso não fará a dor desaparecer espontaneamente. Ela vai continuar te visitando. Um dia mais forte, outro dia mais leve. E o que você deve fazer é aceitar. É natural, faz parte. Não fique desesperado para se livrar disso buscando algum prazer fácil, como comida, bebida, cigarros ou pornografia.

Procure manter a mente limpa fazendo alguma coisa útil ou interessante, e deixe que a dor venha e passe. É natural sofrer. Os dessabores são também parte importante da vida. Afinal, como saberíamos o que é realmente doce, sem antes provar do amargo? E convenhamos que há até certo prazer no amargor, apesar do gosto seco que deixa na boca.

Enfim, lembre-se sempre que a dor que está sentindo se deve às boas sensações que sentia na relação ou desejava sentir, não do outro exatamente. E vale notar que, muitas vezes, nem tão boas elas eram, mas por carência, medo, insegurança ou instabilidade, nos deixamos viciar.

Essa é a hora, portanto, de demonstrar para sua mente que existem outras fontes de alegria, prazer e satisfação. Fontes muito mais fartas e sustentáveis, inclusive. Muitas delas, às vezes, já faziam parte da sua vida, mas você deixou de lado sem perceber.

Resgate, então, aquelas atividades, coisas e pessoas que te faziam bem, e aproveite também para descobrir experiências e sensações inéditas.

O que você nunca fez, mas sempre pensou em fazer? Pois faça!

Que tipo de pessoa você sempre quis ser, mas sempre postergou? Pois seja!

E que tipo de pessoa você sempre quis ter por perto, mas nunca encontrou? Pois bora procurar!

É difícil. Dói. Mas vai passar. E o melhor é que quando passar, você vai se dar conta de que já é uma pessoa nova. Muito mais sensata, segura e interessante.

Leandro Abreu
Enviado por Leandro Abreu em 20/12/2023
Código do texto: T7957924
Classificação de conteúdo: seguro