A Decadência de Existir

A vida é silenciosa demais para que eu possa suporta-la de forma equilibrada e são, o ruído humano corrói a natureza, o badalar dos sinos anunciam o fim de todas nossas angústias. Não podemos suportar a mudança, a distância entre a nossa realidade e um futuro escuro, coberto por dúvidas, por incertezas cruéis, o pressuposto de morte talvez seja vida, a feiura animal está em cada rosto que beijo sem desejo, estar entre nossos dedos lânguidos e sem força, e eu simplesmente não amo essa vida, a minha existência é nula ao desejo de existir, um mundo cheio de humanos e a vida é tão calada e frágil, é como cair em um buraco e não conseguir gritar, é amar a dor no seu mais profundo tormento, destruir a própria vida é o mais alto ato de loucura para muitos, mas para mim seria a mais verdadeira liberdade, sem acúmulo de sentimentos, de desejos, sem humanidade para preservar, somos animais mas temos que nos portar como homens, um conceito criado para justificar nossa existência patética, para justificar a nossa loucura, é uma antiguidade que não racha com o tempo o sol se põe há milhares de anos e ainda não secou esse desejo obsceno de existir de cada ser nesta terra, não pedi para existir, mas tenho o poder de me definhar da pior maneira possível; vivendo, ocupando um lugar vazio onde o vazio nunca se preenche, viver é a pior forma de morrer, é lento, é massivo, é angustiante, requer obediência de regras que não acreditamos, é nos colocar e nos calar quando não queremos, é magoar e sermos magoados quando não queremos, é desejar a morte como liberdade e não sermos chamados de loucos e fracos, morrer é a melhor escapatória para tudo isso, lá não a dor, não a existência, é vazio, é longe, lá nada existe além do próprio nada.

Leomar Sousa Cruz
Enviado por Leomar Sousa Cruz em 27/02/2024
Código do texto: T8008307
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