Minha náusea

Fui tomado por uma falta de sentido na vida, tal como um personagem de Sartre. Aquela melancolia que escurece os dias de Sol. Densa, sufocante. O corpo cansado mal se levanta, pois a mente traiçoeira prega suas peças.

No vazio a escuridão é o ambiente. É o conforto e a segurança. É estar escondido de mim mesmo. Do outro lado. Em outra época vivendo outra realidade. Pode ser uma fuga. Um mundo de possibilidades infinitas. Mesmo assim desejo pouco. Nada além do que já é.

Não há sentido. Há vazio. As ilusões caíram por terra. Minha fortaleza desabou. Restaram alguns pedaços do que foi a alegria. De repente meu espírito ficou cego à beleza ao redor. E não há boas lembranças para me apegar. É como se da memória tais lembranças fossem apagadas. Não pelo esquecimento, mas pelos dias tristes que se seguiram. De que vale lutar? Para chegar aonde?

A maior das angústias é não ter respostas. É simplesmente seguir fingindo ser algo que não é. A queda é grande e levantar tem exigido enorme esforço.

Olhar para a repetição dos dias é somente existir. Colecionando horas. Superando-as, pois construir uma essência que veja o sentido talvez não seja possível. Sofrer se tornou um hábito. Quase um vício autodestrutivo.

Talvez apenas observar. Não agir. Não mergulhar na escuridão. Alguns momentos de observação pode trazer sinais de vários sentidos.

carlos anhaia
Enviado por carlos anhaia em 19/03/2024
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