Divagações perturbadoras

Observo a natureza num dia chuvoso de outono. Tudo em seu lugar. Os pássaros cantam e o verde das árvores salta aos olhos nesses dias cinzas. É complexa essa interação despreocupada, de como vejo o mundo e posso assim experienciar a calmaria e o silêncio que tomam conta da mente.

Nem triste, nem alegre. Apenas sentindo cada instante atento aos detalhes que revelam as nuances da nossa compreensão.

Aos poucos os delírios auto destrutivos vão dando lugar a um estado de completude. Como se a falta de sentido, o imenso vazio, fosse preenchido com pequenos significados que movem a existência.

Talvez seja uma forma de transcendência, ou apenas, o afastamento dos deuses que permitiram usufruir da liberdade.

Ciente das escolhas que terão consequências é possível encontrar um caminho de elevação, sem excessos. Sem alimentar desejos ao extremo, pois creio que o tédio em algum momento irá tirar o significado dado a tais desejos que tendem ao esgotamento das possibilidades.

Quando me afasto de tais desejos meu mergulho no nada traz uma angústia que torna pesado o céu. A partir daí a melancolia derruba o espírito, aprisiona num ciclo que, à primeira vista, parece sem saída.

Então o espírito se revolta. Começa a se destruir. Um mundo paralelo é criado e tão real que pode haver mais vida dentro dele do que fora. São diversos delírios que se alternam entre a melancolia e a euforia passando vagarosamente por sua longa escala de sentimentos.

Nem tudo cabe no racional. Não há o controle como se imaginava. Tamanha ilusão quando revelada traz desespero. Diante de toda complexidade o que se sobressai é estar no presente. Um caminho que tira as preocupações com relação ao futuro e os traumas do passado. E o passo seguinte é tomar consciência de que pouco se pode controlar e seguir em constante progresso para viver a nossa liberdade.

carlos anhaia
Enviado por carlos anhaia em 21/03/2024
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