Reflexo do tempo
Na ânsia do amanhã, quando os nossos olhos limitam-se à linha do horizonte, nossas preocupações refletem os obstáculos da vivência absoluta do hoje.
Ter fé é ir onde os nossos pés humanamente não alcançam! É também parar em meio a tempestade, esperar que ela passe, para prosseguir com segurança.
O futuro é por existência um espaço tempo pós requisito ao hoje, e cabe tantas variáveis dentro do segundo seguinte (infinitas) acrescido a todas as ações e consequências desse tempo presente, que por resolução ou misericórdia cabe a nós por determinação sermos efêmeros.
Não somos o tempo, mas somos a correlação entre como o utilizamos, como o esperamos, o que resultamos do seu agir desde os nossos traços mais superficiais até os mais profundos.
Tentar entender o tempo é perdê-lo de vista.
Estarmos presos no segundo, ano, década passada é por incoerência desperdiça-lo com a eterna frustração de não vê-lo passar.
Planar na inconsistência futura, ter ansiedade por vivê-lo, ou estar a frente dele é uma corrida interminável e impalpável para pernas que se cansam; para passos que se atropelam ao desejar o futuro que a nós nem mesmo pertence!
Nossas pernas se cansam, nossos cabelos embranquecem, temos um tempo próprio e exigi-lo quase sempre é uma desconfiança e inexatidão de como o vemos. A nosso tempo e hora, nem mesmo a comida sob as bocas do fogão se esfriam, quem dirá mensurar em quanto tempo teremos os aprendizados e consistência que precisamos.
Paciência não é virtude dos inconstantes, dos breves, ansiosos, voláteis e inconsequentes, que convenhamos todos nós em algum momento fomos um tanto! Falta-nos a sensibilidade em perceber que nada vale sofrer pelo que não sabemos e nem viveremos se tivermos o fardo de um poder que não desfrutamos, o de querer que o amanhã seja tudo aquilo que planejamos. Falta-nos a generosidade ao compreender que nosso pequeno progresso , muitas vezes foi oportunizado e será resultado das nossas versões e vivências passadas.
Só o tempo é doutor em sussurrar o que as bocas tentam esbravejar.
Não falta-nos tempo, não é que sobre de fato, mas sobra-nos o sólido desejo de utiliza-lo ao máximo em situações edificantes. Na pressa das pernas “necessitamos” parar e refletir que Deus nos dá a virtude da vida para desfruta-la desde o nascer ao se pôr do sol. E se Deus nos dá o poder de utiliza-lo como bem queremos, grande parte da premissa de como o desperdiçamos é creditado de nossas contas individuais. É que as vezes passamos tanto tempo presos em nossos próprios emaranhados que nem notamos a simplicidade do próprio curso da vida.
Eu disse que o tempo é doutor, mas daria o título do ser mais inteligente do mundo, daquele que faz Seu tempo próprio e faz o tempo certo para todo propósito abaixo dos Seus olhos. Deus nos conhece tanto! Se soubéssemos quem nos tornaremos daqui 10 anos diríamos à normalidade que a loucura ronda bem perto, felizmente, o tempo transcorre seus passos a sós, sábio é Deus que dá ao tolo a confiança de não sofrer pelo que é impossível prever.
Ao tempo um brinde!
A Deus o tempo...
A nós, um imenso amor do Criador!
24/04/24