Errante

O amor é difícil. Sempre foi, para mim.

Sempre soube que não basta apenas amar...é necessário cultivar o amor, demonstrá-lo em atos, atitudes e até em olhares atenciosos e carinhosos. Mas, já estou bem além dos 50 e ainda não tive a "sorte", ou a graça, de viver um amor como eu gostaria e acredito que possa existir. Me sinto um errante, alguém que desperdiçou a vida, se acostumando com a "mornice", após várias decepções. Aliás, isso faz com que eu me decepcione comigo mesmo, pois fui eu que busquei ou deixei que essas situações ocorressem.

Hoje sinto que não há mais chance de um grande amor acontecer comigo. Desejo isso com minha esposa, mas já aprendi que não vai acontecer. Também, já não sei mais como eu poderia seduzi-la para querer isso, como eu quero. Entendo que não sou mais novidade, nem desenvolvi qualidades que pudessem ser atraentes e revitalizassem o amor nela, como um dia acredito que existiu. Talvez, não soube cultivar, regando e adubando...só pensei em plantar e colher.

Fui ingênuo e "preguiçoso". Acreditei sempre no romantismo, sem cobranças, sem necessidade de (re)seduzir, sempre e sempre. Agora, me sinto como um presente caro, mas que minha esposa não gosta mais. Tenta valorizar, mas não lhe é especial e desejado. Mais ou menos, como um brinquedo caro, que a criança quis muito, mas em pouco tempo enjoou e, mesmo mantendo como algo de valor (pelo valor financeiro), não lhe causa mais o brilho nos olhos, nem a vontade de brincar.

Talvez, seja assim mesmo pra todo mundo, após um tempo. Mas sinto que estou perdendo algo...deixando passar a oportunidade de encontrar.

Me pergunto: Para que eu estou aqui, se não for para ser amado?...se não posso amar?