Explorando um hai Kai de Leminski, para melhor entender o conceito de humanidade compartilhada.

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tudo claro

ainda não era o dia

era apenas o raio

Paulo Leminski.

Na quietude ainda não tocada, pela luz plena do dia, o haicai de Paulo Leminski, captura um momento de revelação sutil, onde "era apenas o raio". Este raio, embora solitário e inicial, carrega consigo uma promessa de iluminação, um precursor do dia que ainda não nasceu. Essa metáfora do raio, que numa leitura mais ampla representa a primeira centelha, é um símbolo poderoso para a ideia de humanidade compartilhada — uma reflexão, sobre como uma única faísca de entendimento, ou compaixão, pode incendiar uma sequência de ações coletivas.

Tal como uma vela que acende outra, cada gesto humano de bondade, cada palavra encorajadora, cada ato de solidariedade, tem o potencial para iniciar uma corrente iluminada de humanidade. Essa transferência, de luz de uma vela a outra, não diminui a chama original; pelo contrário, multiplica as luzes que desafiam a escuridão. Em um mundo, frequentemente compartimentado por diferenças e divisões, essa metáfora da vela, que acende muitas outras, oferece um poderoso lembrete de nosso potencial coletivo, para fomentar mudanças positivas.

Na verdade, cada indivíduo no tecido da humanidade, tem a capacidade de ser esse raio matutino, que Leminski descreve. Não precisamos esperar pelo pleno dia, para fazer a diferença; a presença do raio é suficiente, para começar a dissipar as trevas. Esta é a beleza da contribuição individual, dentro do coletivo: embora possa começar pequena, a influência de um único ato de humanidade, é amplificada quando adotada e adaptada por outros.

Esta cadeia de luzes, uma vez iniciada, tem o poder de expandir exponencialmente, tocando vidas e comunidades de maneiras grandes e pequenas. Cada ação que levamos adiante, em espírito de compreensão e apoio mútuo, reforça a teia de conexões humanas, e cada ponto de luz adicionado, ajuda a iluminar o caminho, para um futuro mais promissor e conectado.

Assim, a mensagem encapsulada, tanto no raio de Leminski, quanto na imagem de velas transmitindo luz, é clara: somos todos parte de um amanhecer em progresso, onde cada faísca de gentileza, pode se tornar o alvorecer de um novo entendimento. Neste amanhecer, movidos pela nossa capacidade compartilhada, de acender e ser acendidos, residem infinitas possibilidades de recriar e fortalecer

, a nossa experiência coletiva da humanidade.

_*Daniel Barthes*_

BARTHES
Enviado por BARTHES em 27/04/2024
Código do texto: T8050824
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