AS RUAS MAIS FELIZES DA CIDADE GRANDE

Algumas amigas minhas, certa manhã, percorriam a vila onde moram até hoje, numa caminhada habitual, com aquela célebre intenção de manter a forma física.

Logo repararam que havia algo diferente com as ruas por onde eram acostumadas a passar. E tais ruas estavam mais limpas que nunca. Minhas amigas ficaram espantadas, pois estavam acostumadas a ver ali sujeira espalhada de metro a metro.

-O que aconteceu por aqui? - principiou uma delas.

-Os garis devem ter passado por aqui mais cedo.

-Não, não - retorquiu a terceira. - Hoje não é dia de coleta ou varredura.

Não demorou minuto, avistaram uma senhora, em torno de seus quarenta anos, com uma vassoura na mão, que vinha na direção delas.

Ao se aproximarem da mulher, esta as cumprimentou com um largo sorriso e suor no rosto.

-Bom dia, mocinhas!

-Bom dia! - disseram.

-Esta rua está tão limpinha hoje - comentou minha amiga mais faladeira.

-É de se notar não é? - exclamou a mulher, ainda sorridente. - Eu me levantei bem cedinho hoje e comecei a varrer a rua... e fui indo até o fim dela, assim que uma disposição foi tomando conta de meus braços e pernas.

-A senhora varreu?

-Mas esse serviço não é...?

- Ora, ora, não se espantem com isso. Fiz um bem pra mim mesma. Mas foi a minha amiga de anos, que mora na rua de baixo que me deu a ideia. Começamos hoje e já vimos resultado.

-É... a gente notou também...

E a mulher lhes disse:

-Faremos desta vila uma vila limpa. E vamos começar varrendo as ruas. É o mínimo que podemos fazer. Um dia, quem sabe, todos desta vila vão fazer o mesmo... Estou sendo sonhadora...

A senhora riu de um jeito entusiasmador, e disse ainda:

- Mas basta uma pessoa bem disposta para se iniciar uma grande empreita.