Atormentado

O que me leva a andar tanto, seguindo em vão? O que me faz ter tantos calos nas mãos?

Vivo nesta estrada sem fim, sob o Sol escaldante de um sempre verão; com caveiras e ossos nas beiras, e tantos pregos e espinhos no chão.

Este trabalho de Sísifo, que executo com sofreguidão, não combina com minha astúcia, hoje empoeirada, esquecida em um porão.

Minhas pernas antes firmes, hoje fraquejam ao me sustentar, por isso uma bengala me escora, e tenho uma rocha para empurrar.

Grito, choro, blasfemo e oro, porém ninguém me escuta, ninguém atrás ou adiante, ninguém sabe da minha dor, que sinto ao lembrar do antes.

Formosas Bacantes, corpos rijos, vibrantes...Xerez, Cognac, bagaceira...calor, torpor, tonteira...

Agora estou aqui, rolando a grande pedra, neste calor infernal, lembrando de tudo que deixei; que ganhei e perdi no estranho mundo real.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 08/02/2008
Código do texto: T851075
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