O Despertar

A noite se foi e o sonho acabou

O dia nasce, desconfiado, censurado.

No caminho olhos desconfiados me seguem

Vejo nas pessoas sentimentos alheios aos meus.

Num vazio distante um caminhante

Sem rumo, direção nem sonhos.

Vacilo e me perco numa multidão insensata

Na avareza de mais um dia de melancolia.

Na rua pessoas discutem situações inversas

Futebol, política, badalações, tragédias.

Caminho no imenso vazio que se surge,

de formas e cores nas nossas diferenças.

Atrapalho-me, olho longe no horizonte, pensante.

De fagulhas e dores em sentimentos variáveis

Reflito diante de mim mesmo e vejo outros,

que mesmo no sofrimento, digna sua felicidade.

Longe, muito longe, distante.

Olho uma imagem sacra, calejada pelos anos expostos.

No seu semblante a dor da ignorância

Deixada plantada em plena luz de um sol escaldante.

Velejo em meus pensamentos atordoados

Perguntas incessantes surgem do nada.

O homem se fez réu de sua própria existência,

Na fúria da maior prova da intolerância humana.

Francisco Amorim
Enviado por Francisco Amorim em 29/02/2008
Reeditado em 29/02/2008
Código do texto: T881400