Bom dia

Meus dias começam assim... ao meio-dia.

Quando me deixo madrugada adentro, entre comandos do autocad e passadas curiosas pelo Recanto, perco as horas... fico no tempo em que a rua é um cenário de um filme sem personagens, os apartamentos dormem com as luzes apagadas, e a luz do meu apartamento vela o sono dos vizinhos.

Mas tenho um limite... o canto dos passarinhos.

Se me distraio... me angustio.

Não me agrada mais ver o dia nascer sem que o ontem se concretize, preciso desse referencial: “ontem e hoje”.... já vivi o tempo de ver o sol nascer na linha mágica do mar, contemplação da minha juventude que guardo nas gavetas da memória...

O meu ontem termina quando já é hoje... mas se perco a metade do dia, ganho as horas preciosas da madrugada, onde a solidão bem-vinda me faz companhia, uma música tocando baixinho... a voz saudosa da Nara Leão... o violão e a voz do Toquinho, dobradinha que acarinha meu coração... meu Chico Buarque idolatrado cantando só prá mim... meu amor, meus anseios, minhas cismas, minhas fantasias.

No mais... seja a hora que for... quando amanheço é sempre bom dia.