Busca infinita
Eu não sou livre. Não sinto que liberdade realmente possa existir. Há apenas instantes de liberdade nessa vida.
A liberdade é uma busca perpétua por um momento que se vai como uma pluma ao vento, e nos cega, nos tira a calma, é o mais insano dos sentimentos, diria, pois é intenso.
A busca pela liberdade, ao lado da busca pelo tal amor, são os combustíveis da vida, são os sentimentos que nos permitem continuar a acordar, dia após dia, ainda que, um dia, se descubra que nesses camposnão há terreno pleno.
Nunca ouvi um homem dizer que é livre em tudo e para tudo nessa vida!Alguns dos meus sonhos padeceram em razão dessa constatação tardia.
E meu mais nobre exercício, ainda é acreditar, enquanto eu crer, hei de ser feliz.Aliás, as grades têm lá o seu valor no viver humano...
E...
Eu Supliquei.
S-U-P-L-I-Q-U-E-I!
Supliquei para que não ousassem abrir as portas do meu mundo. Ali, adormecida, eu podia ser uma personagem fantástica, alienada e contentemente só.
E esse silêncio mortal, que você vê nessa pobre massa, é o esconderijo dos meus mais gritantessentimentos humanos -ou, paralelamente humanos-, esse silêncio era o abrigo contra as vozesda minha alma, que diziam os absurdos para os quais me fechei por inteira, atormentando-me o sono e os sonhos.Desejo-as trancafiadas em sentimentos exclusivamente meus, sem preces por liberdade, "minha solidão tem sido minha melhor companhia".
Me faz bem vagar sozinha, afinal.
Pois, assim, me fiz mistério.