Busca infinita

Eu não sou livre. Não sinto que liberdade realmente possa existir. Há apenas instantes de liberdade nessa vida.

A liberdade é uma busca perpétua por um momento que se vai como uma pluma ao vento, e nos cega, nos tira a calma, é o mais insano dos sentimentos, diria, pois é intenso.

A busca pela liberdade, ao lado da busca pelo tal amor, são os combustíveis da vida, são os sentimentos que nos permitem continuar a acordar, dia após dia, ainda que, um dia, se descubra que nesses camposnão há terreno pleno.

Nunca ouvi um homem dizer que é livre em tudo e para tudo nessa vida!Alguns dos meus sonhos padeceram em razão dessa constatação tardia.

E meu mais nobre exercício, ainda é acreditar, enquanto eu crer, hei de ser feliz.Aliás, as grades têm lá o seu valor no viver humano...

E...

Eu Supliquei.

S-U-P-L-I-Q-U-E-I!

Supliquei para que não ousassem abrir as portas do meu mundo. Ali, adormecida, eu podia ser uma personagem fantástica, alienada e contentemente só.

E esse silêncio mortal, que você vê nessa pobre massa, é o esconderijo dos meus mais gritantessentimentos humanos -ou, paralelamente humanos-, esse silêncio era o abrigo contra as vozesda minha alma, que diziam os absurdos para os quais me fechei por inteira, atormentando-me o sono e os sonhos.Desejo-as trancafiadas em sentimentos exclusivamente meus, sem preces por liberdade, "minha solidão tem sido minha melhor companhia".

Me faz bem vagar sozinha, afinal.

Pois, assim, me fiz mistério.

Chana de Moura
Enviado por Chana de Moura em 19/05/2008
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